O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, viajou para o Fórum Jurídico de Lisboa – evento organizado por uma instituição fundada pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) -, a convite da Fundação Getulio Vargas (FGV), que foi alvo de uma operação da PF em 2022 e depois foi beneficiada por uma decisão do magistrado.
O fórum jurídico, apelidado de “Gilmarpalooza” por ser organizado pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), que foi criado por Gilmar em parceria com o atual procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, e com o ex-PGR Inocêncio Mártires Coelho, também conta com a parceria da FGV e da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Hoje parceira do IDP no evento realizado em terras portuguesas, a FGV foi beneficiada com uma decisão de Gilmar em novembro de 2022 após ser alvo de uma operação da Polícia Federal sob suspeita de usar estudos e pareceres para fraudar licitações e corromper agentes públicos.
Logo no dia seguinte ao cumprimento de mandados de busca e apreensão contra membros da família que fundou a FGV, Gilmar determinou a suspensão da investigação e revogou as medidas cautelares impostas. Na época, a fundação disse que os alvos da operação não eram as mesmas pessoas que tinham ligação com a instituição.
CONVITE DA FGV A CHEFE DA PF
Sobre o convite da FGV ao chefe da Polícia Federal para participação no evento, a assessoria da PF afirmou que a organização do Fórum Jurídico de Lisboa foi responsável por custear passagens e hospedagem. Além disso, segundo o jornal Folha de S.Paulo, Andrei foi acompanhado por seguranças e recebeu diárias do governo federal.
À Folha, a PF não se manifestou ao ser questionada sobre o fato de uma fundação que já foi alvo de investigação ter bancado parte dos custos da viagem do diretor-geral. A FGV também não quis se manifestar sobre o assunto.
Em um contato anterior, segundo o veículo, a assessoria do IDP tinha afirmado que os organizadores do evento não estavam custeando despesas de convidados. Procurada novamente diante da notícia sobre o custeio feito pela FGV, o IDP não respondeu.