O ex-deputado federal Alexandre Frota (PDT) ajudou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a conseguir materiais para excluir as redes sociais de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante as eleições de 2022.
De acordo com nova reportagem da Folha de S.Paulo, Moraes usou o órgão de combate à desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para levantar informações e produzir relatórios contra manifestantes que fizeram um protesto em Nova Iorque, nos Estados Unidos, contra ministros da Suprema Corte.
Frota teria ajudado no processo, enviando para a equipe de Moraes publicações de personalidades que estavam, de alguma forma, apoiando o ato em Nova Iorque, como o cantor evangélico Davi Sacer.
Na troca de mensagens entre o juiz instrutor de Moraes no STF, Airton Vieira, e o então chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do TSE, Eduardo Tagliaferro, eles combinam a criação de um relatório contra o artista gospel, que realmente teve suas redes sociais suspensas.
– Eduardo, esses aí também, por favor coloque no relatório também. Para fins de bloqueio – diz o juiz Vieira com prints de publicações do Twitter de Davi Sacer.
Tagliaferro, então, responde pontuando a relevância do cantor gospel no país.
– Dr Airton, não sei sei se é uma boa ir para cima do Davi Sacer, esse cara é o cantor gospel mais famoso; é influente, vai revelar católicos e evangélicos, como também outros cantores, não seria melhor esperar um pouco? A bruxa não tem esse bom senso, é totalmente partidária sem pensar nas consequências – declarou, sem citar quem seria a “bruxa”.
A resposta do juiz auxiliar de Moraes mostra a influência de Frota na busca do então presidente do TSE contra apoiadores de Bolsonaro.
– O problema é que foi o ministro quem passou. Depois recebi pelo deputado Frota… Paciência. Vamos em frente.
A troca de mensagens foi registrada em 14 de novembro de 2022; no dia seguinte, feriado de 15 de Novembro, Davi Sacer teve sua conta no Twitter bloqueada. A justificativa era que ele teria “incitado” ataques aos ministros do STF em Nova Iorque. Até o momento a conta do cantor continua retida.
