O cinema brasileiro celebra um marco inédito: pela primeira vez, o país concorre ao Oscar na categoria de Melhor Filme. O longa Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, conquistou três indicações na edição de 2025: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, com Fernanda Torres no papel principal. A produção, que narra a história de Eunice Paiva e sua luta pelos direitos humanos no Brasil, emocionou críticos e o público em diversos festivais internacionais. O Oscar 2025 será realizado no dia 9 de março, em Los Angeles.
Em um pronunciamento após a nomeação, Fernanda Torres, que interpreta Eunice Paiva, agradeceu a equipe e destacou a importância histórica da indicação. “Queridos, eu não tenho nem o que falar. Eu queria agradecer, claro, ao Walter, a generosidade que ele teve comigo nesse filme, ao fato do nosso filme estar indicado não só para filme de língua estrangeira, mas melhor filme do ano. Isso é uma coisa inimaginável”, disse.
Ainda Estou Aqui no Oscar
A atriz também homenageou Eunice Paiva, a mulher cuja história inspirou o filme, e Marcelo Rubens Paiva, autor do livro adaptado para as telas. “Eu queria agradecer e homenagear essa mulher extraordinária chamada Eunice Paiva, que está por trás disso tudo, que é a geradora disso tudo. E ao Marcelo Paiva, que escreveu esse livro extraordinário e que nos possibilitou fazer esse filme.”
“Eu jamais vou esquecer. É uma coisa histórica, é uma coisa emocionante para mim, pela minha mãe ter estado nesse lugar 25 anos atrás, pelas mãos do Walter. E também pelo que isso significa para o cinema brasileiro, para a cultura brasileira, um filme falado em português”, completou, em referência à indicação de sua mãe, Fernanda Montenegro, por Central do Brasil.
Rubens Paiva
O ator Selton Mello, que interpretou Rubens Paiva no longa, também comemorou a conquista nas redes sociais. “Fizemos um filme. Ele nasceu vitorioso por motivos variados: Por lembrar o que jamais pode ser esquecido. Por comover com uma beleza austera. Por encher as salas de cinema de novo. Por levar nossa sensibilidade para o mundo. Por recuperar nossa autoestima cultural. Por abrir tantas portas para outros que virão. Por restaurar o amor pelo cinema brasileiro. Por ter criado algo emocionalmente poderoso. Por alcançar o raro equilíbrio entre estética e ética. Por ser sublime em sua justa simplicidade”, escreveu o ator, que celebrou o impacto cultural e político da produção.
Mello ainda reforçou a importância do momento para o Brasil. “Nosso país precisava desse filme. O mundo todo precisava desse filme. Nesse exato momento. Três indicações ao Oscar, com a de melhor filme, nós entramos para a história. Para sempre, ainda estamos aqui. Eunice, Rubens, nós e vocês”.
Trajetória de sucesso
Ainda Estou Aqui vem colecionando prêmios desde sua estreia. O longa foi destaque no Festival de Veneza, onde venceu na categoria de Melhor Roteiro, e conquistou o Green Drop Award, além de ser celebrado em festivais como o Vancouver International Film Festival e o Miami Film Festival GEMS. Fernanda Torres, em particular, fez história ao se tornar a primeira brasileira a vencer o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Drama, superando concorrentes como Nicole Kidman, Angelina Jolie e Kate Winslet.
A trama de Ainda Estou Aqui é ambientada na década de 1970, durante a ditadura militar brasileira, e acompanha Eunice Paiva em sua luta por justiça após o assassinato de seu marido, Rubens Paiva. Com uma narrativa que equilibra emotividade e rigor histórico, o filme se consolidou como uma das obras mais impactantes do cinema nacional.
“Estou muito orgulhosa de uma história brasileira fazer sentido no mundo e nos trazer essa alegria, não só para mim, para o Walter, para todo mundo envolvido nesse filme, como para o país inteiro”, declarou Torres. “Um beijo imenso, imenso. Estou muito feliz, muito assustada, muito orgulhosa. E vive a Eunice Paiva!”, concluiu a atriz, emocionada.