A forma como o governo está conduzindo o programa Pé-de-Meia virou motivo de crítica por parte do jornal O Estado de S. Paulo. Em editorial publicado nesta segunda-feira (7), o periódico apontou que a gestão federal turbinou, com uma canetada, as despesas com o programa “sem dimensionar seu público-alvo de forma correta, nem se importar com gastos”. Para o veículo de imprensa, o Partido dos Trabalhadores (PT) “se esforça para estragar boas ideias”.
No texto, o Estadão contextualiza que a verba do benefício social, criado para frear a evasão no Ensino Médio, saltou de R$ 7,1 bilhões para R$ 12,5 bilhões de agosto de 2024 para este ano. A ampliação teve com objetivo passar a atender alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e famílias com renda mensal per capita inferior a meio salário mínimo, além dos estudantes regulares da rede pública e de famílias assistidas pelo Bolsa Família, que já eram beneficiados.
– O programa é daquelas boas ideias que o PT se esforça para estragar. Essa decisão do governo Lula de ampliá-lo suscita questionamentos. É de perguntar quais os critérios que justificaram o seu inchaço, se já houve uma avaliação da sua efetividade e se há recursos no Orçamento de modo que sua expansão não afete outras políticas pública – observou o jornal.
O editorial cita o diretor de Políticas Públicas do Todos Pela Educação, Gabriel Corrêa, para quem o programa “ficou muito amplo e muito caro”, haja vista que a evasão no Ensino Médio é de 4% a 5%.
– Corrêa pergunta se o Pé-de-Meia está chegando mesmo ao jovem que precisa. Não à toa, reportagem do Estadão apontou incongruências em seus dados, ao localizar três cidades onde o total de beneficiados supera o número de matriculados. Além disso, em 15 cidades 90% dos alunos do ensino médio estão no programa – ressaltou o jornal.
O Pé-de-Meia é um programa social de autoria da deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) que concede R$ 200 mensais ao estudante beneficiário e mais R$ 1 mil a cada ano concluído. Ele foi criado fora do Orçamento, e após entrar na mira do Tribunal de Contas da União (TCU), passou a ser considerado na peça orçamentária de 2025 no valor de somente R$ 1 bilhão.
– Como o custo total ainda não está assegurado, a gestão Lula poderá ter de pedir crédito suplementar ao longo deste ano. Como se vê, o governo optou por turbinar uma de suas principais vitrines eleitorais neste terceiro mandato presidencial, talvez a única, sem dimensionar seu público-alvo de forma correta nem se importar com gastos. Por já estar em campanha pela reeleição e com a popularidade em queda, Lula faz do Pé-de-Meia um trunfo eleitoreiro. O custo das irresponsabilidades de uma gestão do PT é sempre alto – finalizou o jornal.