Nos últimos anos, o uso recreativo de cigarros eletrônicos tem se tornado cada vez mais popular, especialmente entre adolescentes. De acordo com o instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), o uso dos dispositivos no Brasil cresceu 600% de 2018 a 2023, o que representa um salto de 500 mil para 2,9 milhões de fumantes.
O cigarro eletrônico foi inicialmente criado como uma alternativa ao cigarro tradicional, na tentativa de reduzir os danos causados por ele. Porém, o produto evoluiu para uma indústria multimilionária, com uma vasta gama de dispositivos e sabores. Embora seja frequentemente considerado uma alternativa menos prejudicial ao cigarro convencional, ele representa diversos riscos à saúde.
O oncologista de cabeça e pescoço Jefferson Medeiros explica que, embora os efeitos a longo prazo ainda sejam desconhecidos, evidências atuais sugerem que vapes e pods podem causar sérios problemas de saúde, incluindo câncer de boca. “O vape expõe o organismo a uma variedade de produtos químicos como cancerígenos conhecidos e substâncias citotóxicas, causadoras de doenças pulmonares e cardiovasculares”, complementa.
Substâncias contidas no cigarro eletrônico
O médico reforça os perigos do dispositivo, detalhando as principais substâncias nocivas à saúde:
Nicotina e produtos químicos: muitos e-líquidos (essências utilizadas nos cigarros eletrônicos) contêm nicotina, que é altamente viciante e pode prejudicar o desenvolvimento do cérebro em adolescentes e jovens adultos, até aumentar a pressão arterial, causando problemas cardíacos. Quando aquecidas, as substâncias dos e-líquidos podem se decompor em ácidos como formaldeído e acroleína, ambos cancerígenos.
Aromatizantes: alguns aromatizantes, como o diacetil, estão associados a doenças pulmonares graves, incluindo a “bronquiolite obliterante”, também conhecido como “pulmão de pipoca”.
Metais pesados: traços de metais pesados, como níquel, estanho e chumbo, podem ser encontrados no vapor dos dispositivos, causando danos aos pulmões e outros órgãos.