Recentemente, o senador Marcos do Val, do partido Podemos do Espírito Santo, deu o que falar ao empregar uma tática notável, supostamente influenciada pelo filme Golpe Duplo, estrelado por Will Smith. Esta situação foi o cerne de uma conversa reveladora entre o senador e a deputada Carla Zambelli, trazendo à tona discussões sobre a manipulação das percepções midiáticas.
Segundo informações do Metrópoles, o caso em questão remete a uma proposta de gravação que possivelmente incriminaria o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. A técnica de manipulação, comparada à chamada “Reação de Goche”, evoca o uso de metodologias de condicionamento subliminar, frequentemente exploradas para influenciar as decisões sem que o observador tenha plena consciência do processo .
Como Funciona a Técnica de “Reação de Goche”?
Will Smith no filme ‘Golpe Duplo’/Wikimedia Commons
No centro desse debate está o conceito conhecido como “Reação de Goche”, muitas vezes associado a mecanismos de manipulação subliminar. Esta técnica repousa na ideia de expor repetidamente uma pessoa a estímulos específicos, desencadeando associações mentais automáticas. A representação mais famosa dessa técnica pode ser vista em Golpe Duplo, onde o personagem de Will Smith manipula um alvo para escolher um número específico, usando estímulos discretos distribuídos ao longo do dia.
Nessa abordagem, números ou imagens são apresentados de forma rápida e não conclusiva, como parte de um cenário ou diálogo. Isto leva a mente do observador a formar um viés, fazendo-lhes acreditar que suas escolhas são próprias, quando na verdade foram condicionadas por fatores externos.
Como o Relatório da PF Define a Relação com Will Smith?
No Brasil, a narrativa envolvendo Marcos do Val se desenrolou quando ele alegou que a proposta original da conspiração tinha como cerne incriminar Alexandre de Moraes. O senador afirmou que a ideia havia partido de Daniel Silveira, ex-deputado federal, durante um encontro orquestrado com o objetivo de registrar Moraes de forma incriminatória. Toda a trama se desenrolou publicamente em fevereiro de 2023, colocando Do Val no epicentro de uma tempestade midiática.
Conforme os eventos tomaram forma, o senador posteriormente esclareceu que a sua intenção não era participar de qualquer ato incriminador, mas sim capturar a atenção do público para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) relacionada ao episódio de 8 de janeiro. Este posicionamento trouxe à tona discussões sobre o papel da mídia e as técnicas para influenciar a opinião pública.
Em diálogo com Carla Zambelli, o senador Marcos do Val afirmou que sua intenção era atrair a atenção da mídia para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, onde planejava apresentar supostas provas contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-ministro da Justiça, Flávio Dino, atualmente ministro do STF.
Segue abaixo o trecho do relatório da PF:
“O Senador Marcos do Val alega ter utilizado uma estratégia chamada Reação de Goche. Em consulta em fontes abertas, consta que a “Reação de Goche” é frequentemente associada a técnicas de manipulação e priming subliminar, comumente discutidas em estudos sobre influência subconsciente. No contexto de influência subliminar, palavras, números ou imagens podem ser apresentadas rápida e repetidamente, o que ativa associações na mente do observador sem que ele esteja consciente disso. Ele cita e sugere à Deputada que assista ao filme Golpe Duplo, com o ator Will Smith, onde é demonstrada a utilização da técnica.”
“No filme, o personagem NICKY, interpretado por WILL SMITH, utiliza uma técnica semelhante para “programar” mentalmente uma pessoa, fazendo-a escolher o número 55. Durante o dia, ele expõe a pessoa repetidamente ao número 55, por meio de vários estímulos visuais e auditivos — desde placas até diálogos, de forma que, ao fim, a escolha parece ser do próprio alvo, mas na verdade foi manipulada”, informa o relatório da PF.
Como a Técnica de Manipulação Afeta a Percepção Pública?
O uso de estratégias de manipulação, como visto no caso de Marcos do Val, levanta questões importantes sobre a influência na formação de opinião pública. Métodos subliminares têm a capacidade de impactar como eventos e indivíduos são percebidos, influenciando as respostas do público sem um alerta consciente do processo manipulativo.
Esse fenômeno exige um exame crítico de como a informação é apresentada ao público, destacando a necessidade de um escrutínio maior sobre as fontes de notícia e a verificação da veracidade das mesmas. Ao compreender a metodologia por trás do condicionamento subliminar, o público pode desenvolver uma resistência maior a influências externas não desejadas.
A saga envolvendo o senador Marcos do Val e as alegações de uso de manipulações midiáticas inspiradas em filmes ressalta a importância de uma mídia transparente e responsável. A capacidade das informações de influenciar a narrativa pública é poderosa e, às vezes, perigosa se usada de forma inadequada.