Os Estados Unidos constroem uma embaixada suntuosa em Brasília. Trata-se de uma obra projetada para ficar totalmente pronta em 2030. O prédio – em formato de S – deve ocupar 22 mil metros quadrados do total de 50 mil do terreno. O valor do empreendimento passa dos R$ 3,5 bilhões. De acordo com a representação norte-americana, serão três andares para cima e um subterrâneo. Inicialmente, veículos da imprensa noticiaram que seriam nove andares para baixo, o que gerou desconfiança sobre este “bunker” no meio de Brasília.
Contudo, a embaixada veio a público desmentir a informação dos nove andares. Engenheiros ouvidos pela TVT News confirmaram a versão da representação dos EUA. De acordo com o modelo de construção, se existem áreas em balanço, vãos livres, além do tipo do solo mais arenoso, típico de Brasília, parece razoável a utilização de estacas na fundação que podem chegar a 30 metros. Este foi justamente o argumento da embaixada.
“Projetadas para distribuir o peso do edifício com segurança, essas estacas têm profundidades entre 10 e 30 metros abaixo do solo, em conformidade com as normas de construção do Governo dos EUA”, afirma a embaixada. “A modernização da Embaixada inclui a construção de um novo prédio no mesmo local, com apenas um pavimento abaixo do nível da rua, respeitando as características da paisagem original de Brasília”, completa.
Espionagem na embaixada
Contudo, vale ressaltar que um andar subterrâneo de 22 mil metros quadrados suportaria – tranquilamente e teoricamente – a instalação de aparato de espionagem, por exemplo. Inclusive, em 2015, veio à tona a informação de que o terraço da embaixada dos EUA em Paris, a 250 metros da sede do governo francês, era utilizado como estação de telecomunicações destinados à espionagem. Tratava-se de um aparelho da Agência Nacional de Segurança (NSA), cujo ex-agente Edward Snowden expôs as ações ilegais norte-americanas.
O projeto da embaixada
Todo o projeto da nova embaixada respeitará o design da cidade de Brasília, projetada pelos modernistas Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. Também em respeito e “herança do modernismo brasileiro” típico da capital, haverá um jardim interno na estrutura assinado pelo paisagista Roberto Burle Marx. O prédio terá apenas plantas nativas do Cerrado e fachadas de concreto curvo.
Na questão energética, será um edifícil praticamente autossustentável, nos padrões de outras embaixadas em Brasília, como a italiana. “A nova instalação vai aumentar a capacidade de entrevistas de vistos em 40% e gerar um quarto da energia necessária para suas operações”, informa a representação.
O projeto conta com aprovação em 2016 e está sendo projetado e construído pelo Studio Gang, de Chicago, e Caddell Construction Co, de Montgomery, estado do Alabama. A embaixada comenta que órgãos brasileiros estão cientes de todo o projeto. “Desde o anúncio do projeto, em 2015, o governo norte-americano tem trabalhado em estreita colaboração com o Distrito Federal e o Ministério das Relações Exteriores para obter as aprovações e licenças necessárias para o projeto.”
A nova embaixada comportará 450 funcionários e, de acordo com informações oficiais, aumentará a capacidade de entrevistas de vistos em 40%. De acordo com o porta-voz da embaixada, Luke Ortega, “a relação entre o Brasil e os EUA é sólida, mas também está em constante evolução. É evidenciada pela nossa significativa presença no país, como a sexta maior missão diplomática dos EUA no mundo”.