O programa Crédito do Trabalhador, lançado pelo governo Lula em 21 de março, tem gerado intenso debate político e críticas da oposição, que acusa a iniciativa de ser uma forma de “agiotagem oficial”. A principal voz contra a medida é a do economista e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que classificou o empréstimo como uma “narrativa enganosa” que pode prejudicar financeiramente milhões de brasileiros.
O Que é o “Crédito do Trabalhador”?
A nova linha de crédito consignado permite que trabalhadores formais do setor privado — incluindo empregados domésticos, rurais e microempreendedores individuais (MEIs) — utilizem a Carteira de Trabalho Digital para obter empréstimos com garantia do FGTS. O governo defende a medida como uma forma de facilitar o acesso ao crédito para pessoas de baixa renda, reduzindo a dependência de empréstimos informais com juros abusivos.
As Críticas de Eduardo Cunha: “Agiotagem do Lula”
Eduardo Cunha, no entanto, enxerga o programa como um risco para os trabalhadores. Em artigo publicado no Poder360, ele argumenta que o governo está agindo como um “banqueiro de pobre”, impondo juros altos e criando uma armadilha financeira.
“Lula quis virar banqueiro de pobre, mas, na prática, está virando o agiota do pobre”, escreveu Cunha. Ele prevê que, ao final do pagamento, os trabalhadores chamarão os juros de “os juros do Lula”, o que poderia corroer a popularidade do presidente.
Além disso, Cunha alerta que a medida pode se tornar *”um tiro no pé”* para o governo, já que, em vez de aliviar as dificuldades financeiras da população, poderia endividá-la ainda mais.
A Oposição no Congresso e no TCU
A polêmica em torno do programa não se restringe a Eduardo Cunha. O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), acionou o Tribunal de Contas da União (TCU) contra a ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais), acusando-a de usar publicidade institucional para promover a imagem de Lula em propagandas do empréstimo.
A bancada do Partido Novo também apresentou uma denúncia contra Gleisi, após ela postar nas redes sociais: “Apertou o orçamento? O juro tá alto? Pega o empréstimo do Lula” — associando diretamente o presidente ao programa, o que, segundo a oposição, caracteriza uso político da máquina pública.
Conclusão: Benefício ou Risco?
Enquanto o governo defende o Crédito do Trabalhador como uma alternativa ao crédito informal, as críticas destacam os possíveis abusos e o endividamento em massa. A discussão reflete um embate ideológico: de um lado, a visão de que o Estado deve intervir para democratizar o acesso ao crédito; do outro, o argumento de que medidas como essa podem criar dependência e aumentar a inadimplência.
Se o programa será de fato um aliado do trabalhador ou um “tiro no pé” do governo, só o tempo dirá. Mas, por enquanto, a polêmica está longe de acabar.