O cartão de crédito é uma ferramenta poderosa que oferece conveniência e flexibilidade, além de recompensas como milhas ou cashback e benefícios como acessos a salas VIP. No entanto, quando falamos de compras internacionais, seja durante viagens ou em sites estrangeiros, ele pode ser um vilão.
E isso se deve ao spread, que é cobrança sobre a taxa de câmbio que os bancos cobram ao converter o dólar (ou outra moeda) para o real. Ou seja, além da conversão do dólar para o real, os bancos ainda cobram um valor acima para garantir um lucro na operação. Por isso nem sempre o valor que vemos do dólar no noticiário é que efetivamente pagaremos em nossas compras.
Cada banco cobra uma taxa de spread diferente e alguns podem até não cobrar. Já nos que cobram, ela pode chegar até 7%. Ou seja, além do valor da conversão do dólar comercial (aquele que aparece no Google e em sites de notícias), sua compra ainda pode ficar mais 7% mais cara (isso sem contar o Imposto Sobre Operação Financeira (IOF), atualmente em 4,32%).
Mas a boa notícia é que há formas de fugir dessa cilada. A primeira, claro, é evitando usar os bancos que cobram super caro no spread. E é justamente isso te que mostramos a seguir. A segunda é usar um cartão de um banco que não sobre, e nós também te mostraremos algumas abaixo.
E fim deste artigo, nós também te mostramos a maneira mais econômica de se comprar dólar e outras moedas mais barato: usando uma conta digital internacional.
Quanto cada banco cobra de spread no dólar cartão de crédito?
Na tabela abaixo você confere quanto os principais bancos e cooperativas cobram de spread ao usar o dólar para pagamentos. O ranking é “liderado” pelo Banco Safra, instituição focada em clientes de alta renda e que não tem grande destaque no mercado de cartões de crédito.
Logo em seguida temos bancos tradicionais e conhecidos como o Santander, o Pan, o Itaú (que inclui a Credicard), o Bradesco e o Porto Bank (antigo Porto Seguro). Essas instituições chegam a cobrar entre 5% e 6% do valor.
Mas as fintechs e bancos digitais não ficam muito atrás: apenas para citar duas das mais famosas, o Nubank e o C6 Bank cobram 4%. Já o Inter cobra um dos menores spreads: apenas 1%.
Mas o destaque positivo mesmo fica para as cooperativas de crédito. Com exceção da Uniprime e do Sicredi, as demais não cobram nada. Ao usar cartões da Cresol, Sicoob, Sisprime e Unicred o spread é de 0%. E esse é justamente um grande atrativo de cartões como o Unicred Visa Infinite.
Banco | Taxa de spread |
---|---|
Safra | 7,00% |
Santander | 6,00% |
Pan | 6,00% |
Itaú / Credicard | 5,50% |
Bradesco | 5,30% |
Porto Bank | 5,00% |
Banco do Nordeste | 5,00% |
Uniprime | 5,00% |
Caixa | 4,60% |
Banco do Brasil | 4,50% |
BRB | 4,00% |
BV | 4,00% |
C6 | 4,00% |
Neon | 4,00% |
Nubank | 4,00% |
Banrisul | 3,00% |
Banco Inter | 1,00% |
Sicredi | 1,00% |
Banese | 0% |
Cresol | 0% |
Sicoob | 0% |
Sisprime | 0% |
Unicred | 0% |
Como calcular o valor de uma compra em dólar no cartão de crédito?
Para calcular o spread do cartão de crédito, você primeiro multiplica o valor da compra pelo valor do dólar comercial (que pode ser visto no Google). Como exemplo, vamos supor que você seja um cliente do Bradesco, que cobra um spread de 5,30% e vai fazer uma compra de US$ 100:
- Acrescente o spread ao valor da cotação do dólar: Considerando o spread bancário de 5,30%, adicione-o à cotação do dólar. Com a cotação atual de R$ 4,96, o valor do dólar com o spread seria de R$ 5,22.
- Converta o valor da compra para dólar com o spread: converta o valor da compra em reais para dólares, utilizando a cotação do dólar com o spread. Se a compra for de U$ 100,00, multiplicando esse valor pela cotação de R$ 5,22, o valor em dólares com o spread seria de aproximadamente R$ 522.
- Adicione o IOF: aplique o imposto sobre operações financeiras (IOF) de 4,38% sobre o valor total da compra em dólares com o spread. Para uma compra de R$ 522, o IOF seria de aproximadamente R$ 22,86, resultando em um custo total de cerca de R$ 554,86.
E quando eu uso Euro, Pesos, Libras e outras moedas?
Quando se pessoa utiliza uma moeda estrangeira, como euro, peso chileno, libras ou coroa, em seu cartão de crédito brasileiro, o processo de conversão ocorre de forma intermediária para o dólar americano.
Isso significa que, antes de converter a transação para a moeda local do país do cartão de crédito, o banco converte o valor da transação para dólares americanos usando a taxa de câmbio atual entre a moeda estrangeira e o dólar.
Em seguida, essa quantia em dólares é novamente convertida para real brasileiro, utilizando a taxa de câmbio e o spread aplicáveis. A saída para ter maior previsibilidade é utilizar uma conta que permita saldo em Euros ou outra moedas, como a Wise e Revolut, que explicamos abaixo.
Vale a pena pagar o spread para ganhar milhas?
Se você é daqueles que usa compras para acumular milhas com seu cartão de crédito, pode estar se perguntando se pode valer a pena usar o cartão mesmo pagando spread para acumular pontos. A resposta é: definitivamente não.
Isto porque o custo combinado na cobrança de spread + IOF de 4,38% acaba tornando o ganho que se tem com milhas irrelevante ou bem mais caro do que comprar pontos diretamente nos programas.
Para exemplificar, vamos supor que você gaste US$ 3.000 em um cartão como o C6 Carbon, que pontua 2,5 pontos por dólar, o que já é uma pontuação um pouco acima da média do mercado.
O C6 Bank tem um spread de 4%, na média, o que faria o dólar de R$ 4,94 custar R$ 5,15. A compra de U$ 3.000 acarretaria num custo de R$ 15.444,00 + IOF de R$ 219,00, com custo total de R$ 15.575,40 e geraria por volta de 7.500 pontos.
Já se fosse utilizado um cartão como o da Nomad, Wise ou Revolut, cujo IOF e o spread são menores, o custo de compra de moeda seria de cerca de R$ 15.147,00 e o IOF de apenas R$ 33,00, totalizando R$ 15.180.
A diferença entre as duas opções é de R$ 395,40, o que é suficiente para comprar, na melhor das promoções de compra de pontos, cerca de 16 mil milhas Latam, 21 mil na Azul e 28 mil na Smiles ou ainda 12 mil pontos Livelo ou Esfera.
Quanto mais alto for o spread e menor for a pontuação, mais desvantajoso será o uso do cartão de crédito para acumular milhas.
Como economizar nas compras internacionais?
Bom, essa é fácil e muita gente já sabe a resposta: usando as contas digitais internacionais, como a Wise, Nomad e Revolut.
Existem várias razões pelas quais alguém pode querer utilizar uma conta internacional. Se antes o processo para ter uma simples conta em dólar era bem complicado, burocrático e restrito, hoje a facilidade de abrir uma faz dessa uma opção excelente para a maioria das pessoas.
As contas internacionais são úteis apenas para viajantes ou pessoas com muito dinheiro em outro país, mas também para outras funções. Veja alguns exemplos:
- Viagens ao exterior
- Fazem compras em sites internacionais
- Pagar serviços como jogos, streamings, apostas e aplicativos
- Pagar por serviços realizados no exterior
- Utilizar dinheiro em um intercâmbio
- Poupar em moeda estrangeira
- Investir fora do Brasil
As vantagens são inúmeras, mas podemos destacar que essa geralmente será a opção mais barata não apenas do que usar o cartão de crédito, mas também outras opções de câmbio, como compra de moeda em corretoras.
Isso porque a cotação do câmbio utilizada pelas fintechs geralmente é a mais baixa e não a do câmbio de turismo, além de ter Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de apenas 1,1%, ao contrário de outras opções cujo imposto pode chegar até 4,38%.
Comparativo entre as contas digitais internacionais Revolut, Nomad e Wise
Revolut, Nomad e Wise estão entre as principais contas internacionais utilizadas no Brasil. Em resumo, analisando cada detalhe dessas duas contas internacionais, ambas são muito semelhantes em alguns aspectos e propósitos de viagem ou compras internacionais.
Ambas oferecem cartão internacional, depósito via Pix e abertura rápida e fácil. Além disso, são regularizadas e licenciadas pelos órgãos responsáveis no Brasil, Estados Unidos, Reino Unido e outros países.
A maior diferença entre elas é que a Revolut e a Wise operam como contas multimoeda, permitindo a compra e manutenção de saldo não apenas em dólar, mas Euro, Libra e outras divisas.
Revolut | Wise | Nomad | |
Taxa de abertura | Grátis | Grátis | Grátis |
Cartão de débito virtual | Grátis | Grátis | Grátis |
Cartão de débito físico | Grátis, mediante depósito inicial | Grátis, mediante depósito inicial | US$ 20 ou grátis após enviar US$ 1.000 |
Moedas | Mais de 30 moedas | Mais de 40 moedas | Dólar americano |
Como fazer depósito | PIX ou TED | PIX, TED, boleto bancário ou cartão de crédito | PIX, TED ou em espécie (somente nos EUA) |
Investimentos | Bitcoin e outras criptomoedas | Não há | Renda fixa e bolsa de valores americana |
Taxa de serviço (spread) | 1% a 1,5% | Não divulgada, costuma ser baixa | 2% (1% para clientes Nomad Pass) |
IOF | 1,1% | 1,1% | 1,1% |
Custo final para comprar US$ 1.000 (cotação em 1 de março, às 15h40) | R$ 5.060,20 | R$ 5.048,10 | R$ 5.098,98 |
Atendimento | Site ou chat no app | Site, aplicativo, e-mail e telefone | Site, aplicativo, e-mail e telefone |
Benefícios de viagem | Conta multimoeda, divisão de conta | Conta multimoeda | Programa Nomad Pass, sala VIP em Guarulhos e catálogo de descontos |
Segurança | Não oferece fundo garantidor | Não oferece fundo garantidor | Protegido até US$ 250.000 pelo FDIC |
Link para abrir a conta | Clique aqui e ganhe até US$ 10 de bônus | Clique aqui | Clique aqui e use o cupom MELHORESDESTINOS20 para ganhar até US$ 20 de bônus |
Você sabia que entendendo melhor como o spread bancário funciona, você pode economizar nas suas transações internacionais? Qual será sua próxima estratégia para fugir dessas cobranças? Deixe sua opinião nos comentários