São Paulo – O líder do PT na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), deputado Paulo Fiorilo protocolou nesta terça-feira (2) representação ao Ministério Público contra a privatização da Sabesp pelo governo de São Paulo. Na peça, o deputado pede medidas para apurar possível conflito de interesse na atuação da presidente do Conselho de Administração da Sabesp, Karla Bertocco Trindade, junto à empresa de energia Equatorial.
De acordo com a Folha de S.Paulo, a então presidente do Conselho ocupava no mesmo período, até dezembro de 2023, cargo no Conselho de Administração da Equatorial. Trata-se da única empresa interessada em virar acionista de referência da Companhia de Saneamento de São Paulo.
Documentos inclusos, como atas de reuniões do Conselho Diretor do Programa de Desestatização e do Programa de Parceiras Público-Privadas, que ocorreram em setembro de 2023, mostram que a executiva participava ativamente das reuniões. Nesse sentido, chegou a deliberar questões relacionadas ao processo de privatização, o que evidência que estava diretamente envolvida nas decisões estratégicas e possuía informações privilegiadas.
Para o líder petista, esses indícios da atuação de Karla Bertocco nas definições podem implicar em graves prejuízos ao interesse público. O que aponta para a necessidade de apuração da legalidade do certame licitatório. E também das decisões tomadas pela executiva quando esteve na direção do conselho da Sabesp.
De acordo com a publicação, o Governo informou que “o conselho da companhia [Sabesp] não participou das decisões sobre a modelagem”.
Sabesp tenta se defender
A Sabesp foi além, e informou que “a atuação da executiva na Equatorial acabou em período anterior ao início da modelagem da privatização”. Além disso, “quando foi eleita para o conselho da Sabesp, não havia qualquer vedação na Lei das Estatais, na Lei das SA e no Código de Conduta e Integridade da Sabesp”.
Ainda de acordo com as informações da publicação, a saída da executiva do conselho da Equatorial ocorreu em 29/12/2023. “No entanto, há evidências que contradizem essa versão oficial”, diz a representação do deputado Fiorilo.
Assim, documentos mostram que a executiva participava ativamente dessas reuniões, nas quais deliberou matérias críticas relacionadas ao processo de privatização. O que evidencia, portanto, que ela estava diretamente envolvida em decisões estratégicas, sustenta a peça protocolada pelo deputado.
“A presença da executiva no Conselho de Administração da Equatorial e da Sabesp simultaneamente levanta sérias preocupações sobre conflitos de interesse”, afirma Fiorilo.