Contra a própria condenação, o deputado dormiu na Câmara e afirma estar há mais de 30h fazendo greve de fome
O mandato de Glauber Braga (Psol-RJ) será cassado após decisão do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Em manifestação, o deputado disse que dormirá na Câmara até o fim do processo e fará greve de fome — Luiza Erundina decidiu acompanhá-lo no jejum. Saiba mais na TVT News.
“Estou há 30 horas e 30 min. fazendo somente a ingestão de líquidos. Estou no mesmo plenário que votou a minha cassação no dia de ontem”, afirmou Braga nas redes sociais.
Ele considera a própria decisão de greve radical, “é fruto de uma decisão política: não serei derrotado por Arthur Lira e pelo orçamento secreto. Vou às últimas consequências”.
A decisão que aconteceu nesta quarta-feira (9) cabe recurso que irá para a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal do Brasil (CCJ).
O Conselho de Ética reuniu 13 votos favoráveis ao parecer do relator, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), que recomenda a perda do mandato de Glauber Braga. Outros 5 votos foram contrários. Os participantes discutiram por sete horas.
Segundo a Agência Câmara de Notícias, a reunião estava cheia de apoiadores de Braga, o que causou tumulto.
Pelo o que Glauber Braga é acusado?
Glauber Braga foi acusado pelo partido Novo de ter expulsado da Câmara, em abril do ano passado, com empurrões e chutes, o integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) Gabriel Costenaro.
A cena foi filmada. Costenaro participava de manifestação de apoio a motoristas de aplicativo durante o debate de proposta que regulamenta a profissão (PL 12/24).
Defesa
Dezenas de deputados se inscreveram para defender Glauber na reunião do Conselho de Ética. O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) apresentou voto em separado pedindo sua absolvição.
Ele alegou que a mãe de Glauber foi ofendida pelo manifestante e o relatório pela cassação não considerou esse fato. Vários deputados disseram que a pena de cassação é desproporcional ao acontecido. O Conselho de Ética também poderia advertir o deputado ou suspender suas atividades.
Alencar afirma que houve casos anteriores que não resultaram em cassação. “Eu vi com tristeza, em 2001, o relator [Paulo Magalhães] agredindo ou saindo no esforço físico com um escritor que fez um livro com acusações contra o seu tio, Antonio Carlos Magalhães, é um fato.”
O relator, deputado Paulo Magalhães, negou que, naquela ocasião, tenha cometido alguma agressão.
O deputado Guilherme Boulos (Psol-SP) afirma que a cassação de Glauber Braga abriria um precedente perigoso. “Será premiar criminosos e punir a vítima. O que ele [Gabriel Costenaro] fez com o Glauber, uma ofensa absurda, uma agressão moral, ele poderia fazer com qualquer um de nós. Eu peço apenas que pensem.”
Guilherme Boulos falou em defesa de Glauber, ambos são do mesmo partido. Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados
Fonte: Agência Câmara de Notícias