A Amazônia Legal registrou uma alta alarmante na degradação florestal nos três primeiros meses de 2025. Segundo dados recentes do sistema DETER, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o aumento foi de impressionantes 495% em relação ao mesmo período de 2024 — a maior variação percentual já registrada desde o início da série histórica.
A área degradada chegou a 1.700 km², resultado da combinação entre queimadas ilegais, extração predatória de madeira, expansão desordenada do agronegócio e garimpo ilegal. Especialistas apontam que a degradação difere do desmatamento total: trata-se de áreas ainda arborizadas, mas severamente danificadas, comprometendo a regeneração natural da floresta e facilitando o desmatamento posterior.
Impactos imediatos e futuros
O aumento da degradação acarreta sérias consequências ambientais e sociais. A fragmentação dos ecossistemas ameaça espécies nativas, compromete ciclos hídricos e intensifica o aquecimento global. Para as comunidades indígenas e ribeirinhas, o avanço ilegal representa perda de território, ameaças à segurança alimentar e impactos diretos à saúde por causa da fumaça e da poluição dos rios.
“A degradação é um passo anterior ao desmatamento. Ela prepara o terreno para a destruição completa. O que vemos agora é uma tragédia anunciada”, afirma a bióloga e pesquisadora do IPAM, Marina Vasconcelos.
Reação do governo e pressão internacional
Em nota, o Ministério do Meio Ambiente reconheceu os números como “preocupantes” e prometeu reforçar as ações de fiscalização na região, além de retomar parcerias internacionais para controle ambiental. No entanto, organizações não-governamentais criticam a lentidão na resposta e a fragilidade das políticas públicas.
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A pressão internacional também aumenta. Países europeus que mantêm acordos comerciais com o Brasil têm exigido maior rigor na preservação da floresta, sob risco de sanções e bloqueios comerciais.
Responsabilidade compartilhada
Analistas destacam que a proteção da Amazônia não é apenas responsabilidade do governo federal. Estados da região amazônica, setores produtivos e a sociedade civil precisam atuar em conjunto. Investimentos em bioeconomia, regularização fundiária, fortalecimento de comunidades tradicionais e educação ambiental são apontados como caminhos para reverter o cenário.
Enquanto isso, a floresta pede socorro. O aumento da degradação em 2025 é um sinal de alerta — não apenas para o Brasil, mas para o planeta inteiro, cuja estabilidade climática depende da saúde da Amazônia.