Os Correios ampliaram significativamente os gastos com patrocínios culturais em 2024, que chegaram a quase R$ 34 milhões, um aumento de 916,5% em relação a 2023. A gestão atual, liderada por Fabiano Silva dos Santos, justificou os investimentos como parte de uma estratégia para “ampliar o alcance e visibilidade da marca”. A estatal, no entanto, enfrenta problemas financeiros e acumula um déficit de R$ 2 bilhões até setembro deste ano, podendo superar o recorde de 2015.
Nos últimos anos, os investimentos dos Correios variaram bastante. Em 2016, entre o governo Dilma Rousseff (PT) e o início do governo Michel Temer (MDB), foram R$ 10,9 milhões, com pico de R$ 23,9 milhões em 2017. Durante o governo Jair Bolsonaro (PL), os gastos caíram para R$ 800 mil em 2019 e R$ 300 mil em 2022. Com o salto em 2024, os valores voltaram a patamares elevados.
Entre os patrocínios realizados este ano estão R$ 600 mil destinados à 36ª Feira Internacional do Livro, em Bogotá, e ao festival de música Lollapalooza, em São Paulo. A feira foi realizada em abril, com o tema “Leia a Natureza”, e contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que discursou na abertura.
Mesmo sem operações na Colômbia, os Correios justificaram o envio de recursos como uma ação para “potencializar a marca e os negócios”. A diretora de Governança e Estratégia, Juliana Picoli Agatte, representou a empresa no evento. Ligada ao PT, ela foi indicada ao cargo pelo ex-ministro da Secom Edinho Silva, atual prefeito de Araraquara.
A estatal defendeu os investimentos, afirmando que os valores estão alinhados a critérios técnicos.
– Os Correios investem em patrocínio com vieses institucional e concorrencial. Todos os contratos visam potencializar a marca e os negócios, conforme diretrizes e parâmetros específicos, com base nos normativos e na legislação, e estão alinhados ao plano estratégico da empresa – explicou a empresa para o portal Poder360.