O Hamas teria aceitado hoje (15) um acordo de cessar-fogo com Israel. A liberação de reféns estaria na proposta. Defensores dos direitos humanos temem uma manobra do governo sionista de Benjamin Netanyahu para inaugurar uma nova fase do genocídio contra a população palestina. Ao longo de mais de 460 dias de ataques contra civis, particularmente mulheres e crianças, mais de 46 mil pessoas foram assassinadas.
O número de bombas que Israel jogou na Faixa de Gaza supera o número de bombas da Segunda Guerra Mundial. O número de jornalistas mortos também supera (largamente) o número de profissionais mortos no maior conflito global da história. “A ausência de misericórdia com os palestinos não fala apenas da completa desumanização e do racismo. É sobre o que está em jogo para todos. O genocídio em Gaza é um ensaio para o resto do mundo”, afirma a advogada e ativista dos direitos humanos Noura Erakat.
O presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL), Ualid Rabah, afirmou, em entrevista ao Brasil 247, que o “cessar-fogo é apenas prelúdio para novo genocídio. Todos os cessar-fogos anteriores serviram como prelúdios para o próximo experimento genocida. 82% do PIB de Gaza já foi destruído e 80% da população está desempregada”, disse.
O cessar-fogo
O anúncio, mesmo suspeito, trouxe cenas de celebração nas ruas de Gaza e Israel. O pacto foi alcançado após negociações mediadas pelo Qatar, que se estenderam pelas madrugadas dos últimos dias. O acordo prevê etapas para a troca de reféns e prisioneiros, bem como a desocupação gradual da Faixa de Gaza pelas tropas israelenses. Essa desocupação representa uma mudança significativa na estratégia israelense, especialmente considerando a promessa anterior do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de que a guerra só terminaria com a aniquilação do Hamas.
A crise em Gaza
As condições humanitárias em Gaza se deterioraram drasticamente durante o conflito, com relatos de fome, frio e falta de acesso a cuidados médicos. Em resposta ao cessar-fogo, a ONU anunciou a preparação de dezenas de caminhões com ajuda humanitária para entrar na região, visando aliviar a crise que devastou milhões de civis.
O cessar-fogo representa uma derrota simbólica para Netanyahu, que enfrenta um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra e crimes contra a humanidade. As acusações incluem a condução das operações militares em Gaza e o tratamento dispensado à população palestina durante o conflito.
Enquanto isso, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, apressou-se em reivindicar crédito pelo acordo em suas redes sociais, declarando: “Temos um acordo sobre o cessar-fogo.” A declaração ocorreu antes mesmo do anúncio oficial por parte do governo israelense, gerando reações mistas na comunidade internacional.