A Casa da Moeda contratou, sem licitação, a Marsam Refinadora de Metais, empresa ligada ao empresário Dirceu Sobrinho, conhecido como “rei do ouro” e que já foi preso pela Polícia Federal (PF). O contrato de R$ 683 mil foi assinado em março e tem vigência de um ano.
A Marsam foi escolhida pela empresa pública para refinar prata na produção de “moedas comemorativas” e “medalhas com acabamento especial”. A dona da empresa, que assinou o contrato, é Sarah Westphal, filha do “rei do ouro”. O pai, Dirceu Sobrinho, fez parte da companhia até 2019.
Em 2022, com bom trânsito no governo Bolsonaro, Dirceu Sobrinho foi preso pela PF, suspeito de garimpo ilegal em terras indígenas do Mato Grosso e do Pará. A investigação apontava que uma empresa de Sobrinho, a FD Gold, movimentou R$ 2,1 bilhões de forma atípica de janeiro de 2018 a setembro de 2019, segundo um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Ainda em 2022, pelo menos um terço do ouro processado pela Marsam vinha da FD Gold, como informou o repórter Daniel Camargos. A Apple anunciou que deixou de comprar da Marsam, e a companhia perdeu um selo de qualidade internacional.
Procurada, a Casa afirmou que seguiu todos os “preceitos legais” na contratação da Marsam.
“A Casa da Moeda do Brasil informa que não comprou metais nobres da empresa Marsam. O contrato foi exclusivo para o refino da prata, o material usado é de propriedade da Casa da Moeda. A contratação da Marsam para o refino do metal nobre foi feita de forma direta, seguindo todos os preceitos legais existentes, pois a licitação aberta na época restou fracassada”, afirmou.
Procurada, a Marsam não respondeu. O espaço segue aberto a eventuais manifestações.
Por Metrópoles