O ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a movimentar o cenário político ao trazer à tona um vídeo de 2016 no qual o líder do PSOL, Guilherme Boulos, faz duras críticas a Alexandre de Moraes, atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). O vídeo, amplamente compartilhado nas redes sociais por Bolsonaro, revela declarações de Boulos em que ele chama Moraes de “fascista”, gerando grande repercussão e dividindo opiniões.
A publicação ocorreu nesta sexta-feira, 24 de janeiro de 2025, e rapidamente se tornou um dos assuntos mais comentados nas plataformas digitais. Bolsonaro, que desde o término de seu mandato mantém uma postura crítica em relação a figuras da esquerda e do STF, utilizou o vídeo para questionar a coerência de Boulos e seus aliados políticos. Segundo o ex-presidente, o material evidencia o que ele chamou de “hipocrisia da esquerda”, reforçando a narrativa de que discursos e atitudes de líderes progressistas muitas vezes entram em contradição.
No vídeo resgatado por Bolsonaro, Guilherme Boulos aparece em um contexto de protestos que marcaram o governo de Michel Temer, período em que Alexandre de Moraes atuava como ministro da Justiça. Na ocasião, Moraes foi alvo de críticas por sua postura diante de manifestações e por medidas de repressão consideradas autoritárias por parte de opositores. Durante uma fala em tom inflamado, Boulos expressou seu descontentamento, chamando o então ministro de “fascista” e acusando-o de agir contra os direitos dos manifestantes.
A divulgação do vídeo gerou uma avalanche de comentários. Enquanto apoiadores de Bolsonaro destacam a suposta incoerência de Boulos, que hoje mantém uma postura mais branda em relação a Moraes, críticos do ex-presidente acusam-no de tentar desviar o foco das investigações que enfrenta e de criar polêmicas para se manter em evidência. Guilherme Boulos, que atualmente é uma das principais figuras da oposição e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, ainda não se pronunciou sobre o caso até o momento.
Especialistas em política avaliam que o movimento de Bolsonaro reflete sua estratégia de consolidar uma base fiel de apoiadores, utilizando pautas polêmicas e resgatando episódios do passado para enfraquecer adversários. De acordo com analistas, o impacto da divulgação do vídeo dependerá da reação de Boulos e da capacidade de seus aliados em neutralizar a narrativa construída pelo ex-presidente.
Além disso, o episódio reacende discussões sobre o papel das redes sociais na política brasileira. A disseminação rápida do conteúdo ilustra como plataformas como Facebook, Twitter e Telegram continuam sendo arenas de disputas ideológicas e ferramentas poderosas para moldar a opinião pública. Tanto Bolsonaro quanto Boulos são figuras políticas com forte presença digital, e o confronto entre eles deve ganhar ainda mais destaque nos próximos dias.
Alexandre de Moraes, alvo das declarações de Boulos no vídeo, também ocupa um papel central nesse embate. Como ministro do STF, ele tem sido uma figura controversa, especialmente para grupos alinhados ao bolsonarismo, que frequentemente o acusam de extrapolar suas funções institucionais. Nos últimos anos, Moraes esteve à frente de investigações que atingiram diretamente aliados de Bolsonaro, aumentando ainda mais a animosidade entre as partes.
Para os apoiadores do ex-presidente, o vídeo de 2016 é uma prova de que críticas a Moraes não são exclusividade da direita e que, no passado, até mesmo líderes de esquerda, como Boulos, reconheciam problemas em sua atuação. Já os defensores do líder do PSOL argumentam que o contexto mudou e que as declarações de anos atrás não invalidam sua postura atual.
A oposição também utiliza o episódio para apontar que Bolsonaro estaria mais preocupado em criar polêmicas do que em apresentar propostas concretas para o futuro. Desde que deixou o Planalto, o ex-presidente tem enfrentado desafios políticos e jurídicos, incluindo processos que podem inviabilizar sua candidatura em 2026. Nesse cenário, a reativação de embates com figuras da esquerda é vista como uma tentativa de desviar a atenção e manter sua base engajada.
Enquanto isso, internautas seguem divididos sobre a questão. Comentários vão desde elogios à “memória política” de Bolsonaro até críticas ao uso do vídeo como uma manobra para desgastar adversários. A hashtag “BoulosFascista” chegou a figurar entre os assuntos mais comentados no Twitter, mostrando que o debate ultrapassou os limites da esfera política e alcançou o público geral.
O caso também levanta questionamentos sobre como figuras públicas devem lidar com declarações feitas no passado. Em tempos de redes sociais e fácil acesso a registros antigos, falas polêmicas podem ressurgir a qualquer momento, alterando o cenário político e desafiando a coerência dos envolvidos.
Com as eleições municipais se aproximando, episódios como este indicam que o clima de polarização deve se intensificar. Tanto Bolsonaro quanto Boulos são líderes de destaque em seus respectivos espectros políticos e, mesmo em contextos distintos, continuam sendo protagonistas de embates que mobilizam a opinião pública.
A expectativa agora é pela resposta de Boulos, que pode definir os próximos desdobramentos da polêmica. Em um cenário político marcado por constantes confrontos e pela busca de narrativas, o vídeo de 2016 surge como mais um capítulo no embate entre direita e esquerda no Brasil.