O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a provocar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em uma entrevista concedida ao canal AuriVerde Brasil na manhã de 2 de abril de 2025, em São Paulo. Bolsonaro criticou Moraes por ter utilizado uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para viajar de Brasília a São Paulo na véspera da final do Campeonato Paulista, que o ministro assistiu no estádio do Corinthians. Com tom irônico, o ex-presidente afirmou que, se Moraes “salvou o Brasil de uma ditadura”, deveria optar por um voo comercial para ser aplaudido pelos passageiros, insinuando que o ministro não teria tal recepção.
A declaração foi feita enquanto Bolsonaro comentava um pedido de manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre uma notícia-crime que avalia a possibilidade de prisão preventiva contra ele. A viagem de Moraes, segundo o STF, foi justificada por questões de segurança, mas o episódio reacendeu o embate público entre as duas figuras, que têm histórico de atritos. A crítica ocorre em um momento delicado, dias antes de um ato marcado para 6 de abril em São Paulo, onde Bolsonaro busca apoio por anistia.
Contexto de Segurança e Histórico de Confrontos
A viagem de Alexandre de Moraes em uma aeronave da FAB aconteceu na segunda-feira, 31 de março de 2025, um dia antes do clássico entre Corinthians e Palmeiras, que definiu o título paulista no estádio Neo Química Arena. O STF informou que o deslocamento foi autorizado por motivos de segurança, uma prerrogativa prevista para autoridades do alto escalão judicial em situações específicas.
Bolsonaro, por sua vez, usou o fato para reforçar sua narrativa de oposição ao ministro, com quem mantém uma relação marcada por tensões desde o período em que ocupava a Presidência, entre 2019 e 2022. Durante seu mandato, Moraes foi relator de inquéritos que investigaram aliados do ex-presidente, além de ter determinado medidas como bloqueios de redes sociais e apreensões de bens.
Na entrevista, Bolsonaro também mencionou sua inelegibilidade até 2030, decretada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por ataques ao sistema eleitoral em 2022, e sugeriu que as ações do STF seriam uma tentativa de mantê-lo fora das eleições de 2026. O comentário sobre voos comerciais remete a episódios em que o próprio Bolsonaro foi aplaudido em aviões durante viagens, algo que ele frequentemente destaca como prova de apoio popular.
Repercussões e Estratégia Política
A ironia de Bolsonaro ao sugerir que Moraes viajasse em voo comercial para ser aplaudido não é apenas uma provocação isolada, mas parte de uma estratégia para manter sua base mobilizada em meio a desafios jurídicos. A menção ao “herói nacional” que teria “salvado o Brasil de uma ditadura” reflete o discurso recorrente do ex-presidente de questionar as decisões do STF. O pedido da PGR para avaliar a prisão preventiva, solicitado por uma vereadora do PT do Recife, adiciona mais tensão ao cenário, embora Bolsonaro tenha minimizado o risco, afirmando estar “no fim da vida” aos 70 anos.
Especialistas apontam que o ex-presidente usa essas declarações para reacender o apoio de seus seguidores, especialmente com o ato pró-anistia marcado para o próximo domingo, 6 de abril, na capital paulista. A escolha de São Paulo como palco da entrevista e do evento não é coincidência, já que o estado é um reduto bolsonarista e palco de disputas políticas intensas. A crítica ao uso da FAB por Moraes também levanta debates sobre os privilégios de autoridades, um tema sensível entre os eleitores que Bolsonaro busca reconquistar.
Tensões Crescentes e Perspectivas Futuras
A troca de farpas entre Bolsonaro e Moraes sinaliza um capítulo mais quente na relação já conturbada entre o ex-presidente e o STF, com implicações que vão além da retórica. Enquanto Moraes segue como uma figura central no Judiciário, comandando inquéritos que afetam o círculo bolsonarista, Bolsonaro aposta na narrativa de confronto para manter relevância política, mesmo inelegível.
O ato de 6 de abril pode ser um termômetro do apoio que ele ainda consegue mobilizar, especialmente em um contexto de pressão jurídica crescente. Para analistas, o embate reflete uma polarização que persiste no Brasil, com o Judiciário sendo colocado no centro do debate público.
A sugestão de Bolsonaro sobre voos comerciais, embora irônica, toca em uma questão simbólica: a percepção de proximidade com o povo, algo que ele sempre explorou em sua trajetória. Para mais detalhes sobre esse embate, acesse Agora Notícias Brasil e confira a cobertura completa na seção Justiça. O futuro desse duelo dependerá tanto das movimentações judiciais quanto da capacidade de Bolsonaro de transformar provocações em capital político.