O ex-presidente Jair Bolsonaro, em entrevista nessa quarta-feira (22/1), refletiu sobre seu passado político, especificamente sobre a escolha dos ministros que integraram seu governo. Segundo Bolsonaro, caso pudesse voltar no tempo, teria optado por ministros mais experientes e preparados para lidar com adversidades políticas, ao invés de confiar a cargos cruciais a generais. Essa autocrítica surge em meio a investigações relacionadas a uma suposta tentativa de golpe em 2022.
Os ministérios localizados no Palácio do Planalto, conhecidos como ministérios palacianos, desempenham um papel estratégico na administração federal. Bolsonaro destacou que sentiu falta de “competência” e “malícia” em seus ministros escolhidos entre militares. As declarações foram feitas num contexto de acusações de que vários oficiais teriam participado de um plano antidemocrático no final de seu mandato.
Como Bolsonaro Avaliou o Governo?
© Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
“O sistema tá forte, tá aí (sic). Faltou competência para nós, malícia. Você me pergunta o que eu faria diferente. Os ministros palacianos seriam diferentes. Eu não teria mais alguns nomes, um general ali. Eu não teria mais general ali. Teria ministro mais parrudo, mais casca grossa, para enfrentar o sistema”, disse, em entrevista ao canal Fio Diário.
Os ministérios palacianos incluem a Casa Civil, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), a Secretaria-Geral e a Secretaria de Governo, todos localizados no próprio Palácio do Planalto. Durante o governo Bolsonaro, esses ministérios foram majoritariamente liderados por generais. Walter Braga Netto, Augusto Heleno, Santos Cruz e Luiz Eduardo Ramos tiveram papéis de destaque. Recentemente, o General Braga Netto foi preso, aumentando a pressão sobre as decisões passadas do ex-presidente.
A Polícia Federal tem desempenhado um papel crucial nas investigações sobre a suposta tentativa de golpe de 2022. Em suas descobertas, 28 militares foram indiciados, e Bolsonaro é acusado de encabeçar a articulação para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-presidente, no entanto, afirma que embora fosse “fácil” executar um golpe, sua experiência sugeria que as consequências no “day after” seriam severas.
Como o ex-presidente Reflete sobre as Consequências do Poder?
Bolsonaro descreveu sua passagem pela Presidência como um período de intensas pressões e desafios pessoais. Durante entrevistas, mencionou que inúmeras vezes se encontrou emocionalmente abalado devido a complexidades de sua posição. O ex-presidente também expressou que, após ocupar o cargo, vive com a constante percepção de iminentes investigações federais.
Estes eventos trazem à tona discussões sobre a escolha de lideranças em cargos públicos, especialmente sobre o equilíbrio entre experiência técnica e habilidade política. A reflexão de Bolsonaro oferece uma visão sobre a intricada relação entre governo e forças armadas e destaca a importância de uma gestão pública competente e legalmente alinhada com os princípios democráticos.
“Eu digo e alguns até reclamam: não é fácil a vida de presidente. (Perguntam) ‘se é tão difícil, por que tu quer ir pra lá?’. Porque eu quero ajudar o meu país. Como é que você acha que eu acordo todo dia? Com a sensação da PF na porta! Qual a acusação? Não interessa”, disse.
– ” Regulação das redes sociais” pic.twitter.com/hXbsOnalbx— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) January 22, 2025