Capital social de uma das empresas é dez vezes inferior ao valor negociado
Desconfianças acerca da integridade do leilão de arroz do governo de Luiz Inácio Lula da Silva estão surgindo entre parlamentares estaduais e federais, onde o objetivo é a aquisição de 300 mil toneladas do grão. De maneira consensual, tanto os agricultores quanto os analistas acreditam que a importação de arroz é desnecessária, uma vez que não há escassez do produto no mercado. Ademais, a maioria da safra foi colhida pelos rizicultores do Rio Grande do Sul antes da temporada de chuvas.
Após o leilão que ocorreu na manhã de quinta-feira 6, o deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS) fez uma declaração sugerindo a possibilidade de que houve conluio entre as empresas participantes do leilão. Ele questionou a existência potencial de um “cartel”.
Ele interrogou o valor proposto pelas companhias, que foi essencialmente o valor do edital. O vencedor do leilão seria quem fornecesse o maior abatimento sobre o preço máximo de R$ 5 por quilo. Em todas as situações, o valor oscilou entre R$ 4,98 e R$ 5.
Agora, o deputado estadual gaúcho Marcus Vinícius (PP) está questionando a capacidade das empresas vencedoras, que são microempresas e têm capital social até dez vezes menor do que o montante vendido ao governo.
O Queijo Minas, um minimercado situado em Macapá (AP), com um capital social de R$ 80 mil, é um exemplo notável. Este minimercado conseguiu vender 147 mil toneladas de arroz ao governo pelo valor de R$ 736 milhões. “Não é crível que um minimercado chamado Queijo Minas, em Macapá, consiga, com R$ 80 mil de capital social, ser o maior vendedor neste leilão”, afirmou o deputado estadual.
Confira as informações das companhias que ganharam 17 dos 28 lotes do “leilão do arroz”, que aconteceu na quinta-feira. Não houve interessados para os demais 11 lotes.
Zafira Trading Ltda
Segundo o contrato social divulgado por Marcus Vinícius, a Zafira Trading tem como objetivo a “atividade de consultoria em gestão empresarial” e possui um capital social de R$ 110 mil. A empresa comercializou 73,8 mil toneladas de arroz, totalizando R$ 369 milhões.
Weasley Alves de Sousa Ltda.
A “Queijo Minas” é uma microempresa com capital social de R$ 80 mil, localizada em Macapá (AP). De acordo com o contrato social, o objetivo da empresa é o comércio atacadista de leite, laticínios e outros produtos alimentícios, como hortifrutigranjeiros, carnes e produtos de pescado. A empresa vendeu 147,3 mil toneladas de produtos, totalizando um custo de R$ 736 milhões.
Icefruit Indústria e Comércio de Alimentos
A Icefrut, localizada no Estado de São Paulo, tem como foco a produção de conservas de frutas e sorvete. A empresa vendeu 19,7 mil toneladas de arroz para o governo federal, totalizando R$ 98 milhões.
ASR Locação de Veículos e Máquinas
A empresa, situada no Distrito Federal, dedica-se principalmente à locação de veículos e máquinas, bem como à venda de produtos de higiene pessoal, vestuário e transporte coletivo de passageiros. Também está envolvida na construção de edifícios, rodovias, ruas, praças e realiza obras de terraplanagem variadas. No leilão, a venda alcançou R$ 112 milhões, o equivalente a 22,5 mil toneladas de arroz.
Deputado vai levar caso do leilão do arroz ao Tribunal de Contas
Durante seu discurso, o deputado estadual Marcus Vinícius afirmou que apresentará o caso ao Tribunal de Contas da União (TCU). “Há indícios fortes de irregularidades no leilão do arroz”, disse. “Convido os deputados desta Casa a representarmos juntos ao Tribunal de Contas da União e ao Ministério Público Federal, para que passe um pente-fino nesse leilão.”
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“Parece haver fortes indícios de irregularidades no leilão de importação de arroz da CONAB. Condutas suspeitas das empresas vencedoras.”
Marcus Vinícius
Deputado Estadual RS pic.twitter.com/s6PZVqhMqh— RoziSNews (@RoziSNews) June 7, 2024