Em meio à escalada de tensões no Oriente Médio, manifestações de atletas e torcedores ressaltam o futebol como instrumento de expressão política
A solidariedade à Palestina tem ganhado visibilidade no Mundial de Clubes da FIFA, à medida que torcedores e atletas encontram formas simbólicas de manifestar apoio à causa durante as partidas. Em um torneio que reúne as atenções do mundo, a presença de mensagens, gestos e faixas em defesa do povo palestino tem chamado a atenção e reacendido discussões sobre o papel do esporte como plataforma para causas humanitárias. Veja mais em TVT News.
Durante a partida do Espérance contra o Chelsea, disputada na Filadélfia nesta terça-feira (24), torcedores do time tunisiano exibiram faixas com mensagens políticas: “Land Freedom Palestine” e “Free Gaza”.
Além das faixas, a torcida do Espérance também levou diversas bandeiras de mão da Palestina ao estádio. O gesto faz parte de um movimento mais amplo de apoio à causa palestina, que está sofrendo com ataques israelenses e tem mobilizado torcedores de diferentes países da comunidade árabe em manifestações públicas durante o torneio.
Faixa de apoio à Palestina na torcida do Espérance. pic.twitter.com/o5RcBTq1zi— Gustavo Hofman (@gustavohofman) June 25, 2025
Na última sexta-feira (20), o Espérance venceu o Los Angeles FC por 1 a 0 com gol do argelino Youcef Belaïli, que comemorou a vitória juntamente com torcedores palestinos.
Belaïli fez o gol do Espérance, da Tunísia, sobre o Los Angeles FC, no Mundial de Clubes, e comemorou com um grupo de torcedores que estava com bandeiras e camisas da Palestina! Mais uma imagem que vai marcar esse Mundial! @trivela pic.twitter.com/c4LLZAg6qb— Gabriel Rodrigues (@gabrielcsr) June 20, 2025
Essa não é a primeira vez que o Espérance expressa apoio à causa. Na final da Liga Africana de 2024, torcedores do clube exibiram bandeiras e mosaicos em solidariedade às vítimas do conflito.
No primeiro jogo da final da Liga dos Campeões da África entre o Espérance da Túnisia e o Al Ahly do Egito, os 34 mil espectadores no estádio Hammadi Agrebi fizeram uma festa em apoio à Palestina.Os torcedores do Espérance exibiram grandes mosaicos e faixas com mensagens de… pic.twitter.com/fQh03cjncr— PELEJA (@PELEJA) May 20, 2024
🇹🇳En la final de la Liga Africana la hinchada del club tunecino Espérance desplegó banderas en apoyo a la causa Palestina y en homenaje a las victimas. Entre ellas aparece la imagen del presidente colombiano @petrogustavo y de un hincha del Celtic. pic.twitter.com/QTaVHPW1u9— Fútbol y Política (@FutboliPolitica) May 18, 2024
O Espérance encerrou sua participação no Mundial de Clubes com uma derrota por 3 a 0 para o Chelsea, terminando em terceiro lugar no Grupo D.
Essa não foi a única manifestação política na competição, além do Espérance, o Seattle Sounders, também protagonizou um ato de apoio à Palestina.
No segundo tempo da partida contra o Paris Saint-Germain, nesta segunda-feira (23), torcedores da equipe norte-americana ergueram bandeiras palestinas atrás de um dos gols no estádio Lumen Field, em Seattle.
Dukungan dari suporter Seattle Sounders 🇺🇸 untuk Palestina pada laga melawan PSG kemarin 👏🇵🇸 pic.twitter.com/EieTnsumdZ— Extra Time Indonesia (@idextratime) June 25, 2025
A torcida do Sounders é conhecida por seu engajamento social e político, com um histórico marcante de manifestações nas arquibancadas. Em diversas ocasiões, os torcedores já promoveram protestos durante os jogos, utilizando faixas e bandeiras com mensagens antifascistas, antirracistas e de apoio a causas humanitárias.
O clube americano encerrou sua participação no Mundial sem conquistar nenhuma vitória.
Segundo o jornal As, da Espanha, antes da partida entre Inter Miami e Urawa, também em Seattle, um grupo de oito pessoas protestou pró-palestina do lado de fora do Estádio Lumen Field com faixas e cartazes escritos “Cartão vermelho para Israel“, eles ainda estavam roupas e fotografias dos bombardeios da Faixa de Gaza.
Ignorância da FIFA
No dia 15 de junho, a FIFA retirou do ar imagens promocionais do jogador egípcio Hussein El Shahat, do Al Ahly, após identificar que ele usava uma pulseira com a frase “Palestina livre”, em inglês. As fotos faziam parte do catálogo oficial com os elencos dos 32 clubes participantes do Mundial de Clubes.
Apesar da remoção das fotos, El Shahat atuou normalmente na partida de estreia da competição, no empate sem gols entre Al Ahly e Inter Miami, dos Estados Unidos, mas desta vez, sem a pulseira.
Jogador Hussein El Shahat, com pulseira da Palestina nas fotos oficiais do Mundial de Clubes da FIFA. Foto: ANRed (Agencia de Noticias Redacción)
E não foi o único caso. Wessam Abou Ali, atacante palestino do Al Ahly, e destaque no eletrizante empate por 4 a 4 contra o Porto nesta segunda-feira (23), também foi alvo de uma medida semelhante.
Segundo informações da Agência de Notícias Red Acción, da Argentina, a FIFA teria removido sua foto de apresentação por ele usar a mesma braçadeira. Em campo, Abou Ali respondeu simbolicamente: após marcar um de seus três gols, apontou para o pulso, e em outro lance celebrou com as mãos para trás, em clara referência à figura de Handala, ícone da resistência palestina.
A FIFA ainda não se manifestou sobre o episódio em Seattle, a imagem dos jogadores ou os protestos da torcida do Espérance. Embora o código de conduta da entidade proíba manifestações de cunho político ou religioso em seus torneios, até o momento nenhuma punição foi aplicada.
A ausência de posicionamento oficial reacende o debate sobre liberdade de expressão em contextos esportivos e o tratamento de causas humanitárias e políticas dentro do futebol.