Ainda Estou Aqui saiu vitorioso no prêmio mais aguardado do cinema internacional, conquistando o primeiro Oscar da história do Brasil. Apesar de perder a categoria de Melhor Atriz para Mikey Madison, protagonista de Anora, Fernanda Torres já foi premiada com um Globo de Ouro por sua atuação como Eunice Paiva.
Entre acertos e conquistas, Ainda Estou Aqui cativou multidões. De Sarah Paulson e Tilda Swinton a Mick Jagger e Guillermo del Toro, celebridades tietaram nossas estrelas em cada cerimônia de premiação que estiveram. O filme ainda se tornou um marco do cinema brasileiro, ganhando a posição de 5ª maior bilheteria do cinema no país, além de mais de 30 prêmios. Relembre com a lista completa de prêmios de Ainda Estou Aqui.
Lista completa de prêmios de Ainda Estou Aqui
PRÊMIOCATEGORIAOscar 2025Melhor Filme InternacionalGlobo de Ouro 2025Melhor Atriz em Filme de Drama — Fernanda TorresAssociação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine)Melhor Longa-metragem BrasileiroAssociação Cearense de Críticos de Cinema (Aceccine)Melhor Longa-metragem BrasileiroAssociação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (ACCRJ)Melhor Filme de 2024Cinema for Peace AwardsFilme Mais Valioso do AnoCritics’ Choice AssociationCelebration of Latino Cinema & Television: Melhor Atriz Internacional — Fernanda TorresDorian AwardsMelhor Filme em Língua Não Inglesa do AnoFestival de Cinema de Palm SpringsMelhor Longa-Metragem Internacional (FIPRESCI)Festival de Cinema de VenezaMelhor Filme em Língua EstrangeiraFestival Internacional de Cinema de RoterdãPrêmio do PúblicoFestival Internacional de Cinema de Santa Bárbara (SBIFF)Virtuosos Award — Fernanda TorresFestival Internacional de Cinema de São PauloPrêmio do Público de Melhor Ficção BrasileiraFestival Internacional de Cinema de VenezaPrêmio Golden Osella de Melhor Roteiro – Heitor Lorega e Murilo HauserFestival Internacional de Cinema de VenezaSIGNIS AwardFestival Internacional de Cinema de VenezaGreen Drop AwardFestival International du Film d’Histoire de PessacPrêmio do Público de Melhor FicçãoFestival International du Film d’Histoire de PessacPrêmio do Júri Estudantil Danielle Le Roy de Melhor FicçãoGold Derby (Júri Popular)Melhor FilmeGold Derby (Júri Popular)Melhor Atriz — Fernanda TorresGold Derby (Júri Popular)Melhor Roteiro Adaptado — Murilo Hauser e Heitor LoregaGold Derby (Júri Popular)Melhor Filme InternacionalLatino Entertainment Film AwardsMelhor Filme em Língua Não InglesaLatino Entertainment Film AwardsMelhor Atriz — Fernanda TorresMiami Film FestivalPrêmio do PúblicoMill Valley Film FestivalFavorito do PúblicoMusic City Film Critics’ Association AwardsMelhor Filme InternacionalNational Board of Review (NBR Awards)Top Cinco Filmes InternacionaisNew Mexico Film CriticsMelhor Filme EstrangeiroNew Mexico Film CriticsMelhor Roteiro Adaptado (2º lugar)Philadelphia Film FestivalPrêmio do Público – Menção Honrosa, Mestres do CinemaPingyao International Film FestivalPrêmio “O Tigre e o Dragão”Pingyao International Film FestivalPrêmio do Público de Melhor FilmePrêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte)Melhor FilmePrêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte)Melhor Atriz — Fernanda TorresPrêmio Arcanjo de CulturaCinemaPrêmio da Associação de Críticos de Porto RicoMelhor Longa-Metragem InternacionalPrêmio F5Melhor FilmePrêmio F5Atuação Infanto Juvenil — Cora MoraPrêmio F5Atuação em Filme — Fernanda TorresPrêmios GoyaMelhor Filme Ibero-AmericanoSatellite Awards 2025Melhor Atriz em Filme de Drama — Fernanda TorresVancouver International Film FestivalPrêmio do Público
Elenco com o troféu do Oscar 2025. Foto: Reprodução/Instagram
Ainda Estou Aqui conquista o primeiro Oscar do Brasil
O Brasil fez história ao conquistar o primeiro Oscar com Ainda Estou Aqui, vencedor na categoria Melhor Filme Internacional.
No discurso de agradecimento, o diretor Walter Salles dedicou a conquista à Eunice Paiva e também às duas Fernandas que a interpretaram: Fernanda Torres e Fernanda Montenegro.
O filme concorria em 3 categorias: Melhor Filme Internacional, Melhor Atriz, com Fernanda Torres, e Melhor Filme. Anora foi o grande vencedor da noite, com 5 prêmios.
Ainda Estou Aqui: filme sobre memória e resistência
Ainda Estou Aqui é um filme sobre memória, resistência e luta. Baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, o longa conta a história de Eunice Paiva, viúva do ex-deputado e engenheiro civil Rubens Paiva. Antes mesmo da estreia no Brasil, Ainda Estou aqui tem recebido atenção por onde passa, como os 10 minutos de aplausos no Festival Veneza 2024 em que levou a premiação de melhor roteiro.
Dirigido por Walter Salles (de Central do Brasil e Diários de Motocicleta), Ainda Estou Aqui tem no elenco atores de peso como Fernanda Torres, que interpreta Eunice Paiva, Selton Mello (como Rubens Paiva), além das participações de Marjorie Estiano e da fantástica Fernanda Montenegro, que faz Eunice mais velha e já acometida de Alzheimer.
A participação de Fernanda Montenegro, mesmo curta, dá a Ainda Estou Aqui maior carga sobre o drama da memória. Como se o filme já não emocionasse desde as primeiras cenas.
Com reconstituição impecável do Rio de Janeiro dos anos 70, Ainda Estou Aqui começa com o cotidiano da família de Rubens Paiva em meio às repercussões do sequestro do embaixador suíço pelos grupos de resistência armada à Ditadura Militar.
A trama se desenvolve em três partes: a maior, que mostra a família de Paiva no Rio de Janeiro nos anos 1970; a segunda, bem menor, conta trajetória de Eunice como defensora dos Direitos Humanos e a terceira, o encerramento é a que está Fernanda Montenegro e coloca o público diante do debate da memória.
Na primeira parte, o filme mostra como a prisão de Rubens Paiva foi arbitrária. As sequências mostram como a família tentava manter a normalidade, como os dramas de adolescentes, o jogo de totó (pebolim) entre pai e filho, as idas à praia, as festas com amigos, a troca de dentinhos das crianças, a adoção de um cachorro.
Esse cotidiano é dilacerado pela prisão e desparecimento de Rubens Paiva. As cenas de Eunice e da filha presas vão levar o público para os horrores das prisões da Ditadura Militar. Mesmo sem mostrar, de forma explícita, as torturas, o filme traz o medo, o nojo e o crime que envolviam os porões da Ditadura.
Na cena do chuveiro, Eunice tenta arrancar da pele as marcas desses porões e o público fica com elas. Dali em diante, tanto plateia como o filme parecem prender a respiração. O cinema fica num silêncio sufocante. A trilha sonora da primeira parte dá lugar a uma angústia.
Mães e pais não conseguem conter as lágrimas ao verem como Eunice vai tentando manter a família. Em determinada cena, Marcelo quebra a boneca da irmã que vai reclamar com a mãe, justamente no momento mais difícil daquela trajetória. A reação normal seria descontar nas crianças, entrar em desespero. Mas Eunice segue.
Há um toque sutil no roteiro e na direção: Eunice sabe da morte do marido. Mas essa cena não é explícita. Há um corte entre ela receber quem lhe vai dar a notícia e a reação do dela. O público sabe que ela recebeu a informação. Mas ela não é falada.
Rubens Paiva não tinha morrido “oficialmente”, não há um atestado de óbito. Portanto, não há como materializar a morte
Na segunda parte, Eunice já é uma advogada renomada na luta pelos direitos humanos. E consegue, depois de longa luta, o atestado de óbito com o reconhecimento da morte violenta de Rubens Paiva. É quando as crianças menores, já adultas, conversam: “quando você enterrou o papai”?
Esse é o gancho para a terceira parte de Ainda Estou Aqui: a memória. A família está toda reunida. Eunice, com Alzheimer, parece distante, como numa realidade paralela, típica de quem sofre essa doença. Mas uma cena na TV devolve a atenção ao olhos dela. A memória tem caminhos desconhecidos e ali, memória, luta e resistência se cruzam.
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