O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, alcançando 10,75% ao ano. Esta elevação, ocorrida na quarta-feira (18), foi a primeira desde agosto de 2022, quando a Selic estava em 13,75% ao ano. A decisão unânime entre os nove membros do Copom reflete a preocupação do BC em manter a inflação sob controle.
O BC não deu indicações claras sobre os próximos passos da política monetária, deixando em aberto a possibilidade de novos ajustes. A instituição destacou que os movimentos futuros dependerão da evolução da inflação e do compromisso com sua convergência às metas estabelecidas.
Por que o Copom decidiu aumentar a Selic?
Essa decisão vai na contramão da tendência global de flexibilização da política monetária. No mesmo dia, o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos reduziu os juros em 0,5%, apontando para mais cortes. Na semana anterior, o Reino Unido e a zona do euro também adotaram medidas nesta direção.
O Copom destacou vários riscos para a inflação. Entre eles estão a desancoragem das expectativas inflacionárias, a persistente alta nos preços dos serviços e as influências das políticas internas e externas. Contudo, a desaceleração da economia global e o aperto nos juros em diversos países nos últimos anos são esperados para contribuir para uma queda na inflação.
Como o mercado reagiu à decisão do Copom?
A decisão de aumentar os juros estava em linha com as previsões do mercado financeiro, que esperava uma alta de 0,25 ponto percentual, conforme indicado no relatório Focus. As previsões sugerem novos aumentos de mesma magnitude nas próximas reuniões, levando a Selic a 11,25% até o final do ano.
- Expectativas Inflacionárias: Desde o último encontro do Copom, as expectativas de inflação têm se mostrado desancoradas, reforçando a necessidade de ajuste nos juros.
- Indicadores Econômicos: Dados recentes do IPCA mostraram uma leve deflação, mas a inflação anual permanece acima de 4%.
- PIB Crescente: O PIB brasileiro cresceu 1,4% no segundo trimestre, surpreendendo o mercado e levando a revisões nas previsões de crescimento anual.
Segundo alguns analistas, a Selic atual já é suficientemente restritiva devido à desaceleração recente da inflação e à redução da pressão sobre o câmbio. Porém, o Copom mantém a relevância de uma política fiscal comprometida com a sustentabilidade da dívida pública, essencial para a ancoragem das expectativas inflacionárias e a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros.