Uma agência de publicidade com ligações indiretas com figuras centrais do escândalo do mensalão, a Filadélfia Comunicação, firmou contratos milionários com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A empresa está por trás de campanhas para órgãos como a Controladoria-Geral da União (CGU) e ministérios da atual gestão, conforme revelou a Folha de S.Paulo.
A Filadélfia é dirigida por Érica Fantini Santos, enteada do advogado José Roberto Moreira de Melo, ex-sócio de Marcos Valério, operador do mensalão e condenado no escândalo. Embora Moreira de Melo não figure oficialmente no quadro societário, ele é citado em um áudio enviado à filha, no qual se refere à agência como sua.
“A Filadélfia, a minha empresa, se mudou para o melhor prédio de Belo Horizonte”, diz Moreira de Melo, reclamando do fato de a filha não ter aceitado integrar o quadro societário.
Contratos com governo chegam à casa dos milhõesAtualmente, a agência possui um contrato de R$ 13,97 milhões com o Ministério das Comunicações, além de ter vencido a licitação do Banco da Amazônia, no valor de R$ 20 milhões, para serviços de comunicação digital. A empresa também está próxima de ser uma das selecionadas para campanhas publicitárias dos Correios, em um contrato que pode atingir R$ 380 milhões.
De acordo com os órgãos envolvidos, a empresa participou de todas as licitações dentro da legalidade, respeitando os critérios estabelecidos em editais públicos.
Vínculos anteriores e mudanças de registroA Filadélfia Comunicação possui um histórico de transição de CNPJ, mantendo o mesmo endereço de uma empresa anterior com ligações familiares com Cristiano Paz, outro condenado no caso do mensalão. A sucessão empresarial levanta questionamentos sobre continuidade societária indireta com personagens do escândalo.
Apesar disso, a atual direção afirma que não há envolvimento de pessoas ligadas ao esquema.
Filadélfia e governo negam irregularidadesO Ministério das Comunicações e a Controladoria-Geral da União (CGU) informaram que todos os contratos com a empresa foram firmados por meio de processos licitatórios transparentes.
A própria Filadélfia também negou qualquer vínculo com o mensalão e afirmou que, desde 2016, é gerida exclusivamente por Érica, “sem qualquer relação com Marcos Valério ou Cristiano Paz”. A empresa declarou ainda que atua exclusivamente com contas públicas por meio de licitações e cumpre normas de compliance e integridade.