TVT News lembra os 50 anos do fim da Guerra do Vietnã e destaca causas, consequências e resistências ligadas ao conflito histórico.
Em 30 de abril de 1975, tanques do Exército Popular do Vietnã do Norte atravessaram os portões do Palácio da Independência em Saigon, marcando o fim da Guerra do Vietnã.
O conflito, que durou quase duas décadas, deixou marcas profundas no sudeste asiático e provocou mudanças políticas e sociais em todo o mundo. Cinquenta anos depois, a TVT News relembra o fim da guerra e o impacto nos movimentos populares e anticoloniais do século XX.
O que foi a Guerra do Vietnã?
A Guerra do Vietnã foi um dos conflitos mais violentos do século XX. Entre 1955 e 1975, o Vietnã foi palco de uma disputa militar entre o governo do Vietnã do Sul, apoiado pelos Estados Unidos, e o Vietnã do Norte, liderado por comunistas aliados da China e da União Soviética. O embate aconteceu no contexto da Guerra Fria e foi marcado por forte resistência popular e intensa repercussão midiática.
O conflito se tornou um símbolo da luta contra o imperialismo, com milhões de civis mortos, campos devastados por bombardeios e uso de armas químicas como o agente laranja. A guerra mobilizou movimentos pacifistas em vários países, incluindo nos Estados Unidos, e colocou em xeque a política externa norte-americana.
Quem venceu a guerra do Vietnã?
A vitória foi do Vietnã do Norte e da Frente Nacional de Libertação do Vietnã do Sul, também conhecida como Viet Cong. No dia 30 de abril de 1975, a queda de Saigon simbolizou a derrota das forças estadunidenses e a reunificação do país sob o comando do Partido Comunista. O episódio expôs os limites da intervenção militar dos EUA e consolidou a resistência vietnamita como referência na luta contra o colonialismo e o domínio estrangeiro.
A Frente Nacional de Libertação do Vietnã do Sul (FLN), também conhecida como Viet Cong (VC), foi uma organização política e militar formada em 1960 para derrubar o governo sul-vietnamita e unificar o Vietnã sob o regime comunista. A FNL era essencialmente uma extensão do Vietnã do Norte e visava replicar o sucesso do Viet Minh na primeira Guerra da Indochina
A imagem de um helicóptero resgatando os últimos norte-americanos do telhado da embaixada dos EUA se tornou um retrato do fim melancólico da presença militar no sudeste asiático. O Vietnã passou a ser um Estado unificado a partir de 1976, com capital em Hanói.
Por que ocorreu a Guerra do Vietnã?
A guerra teve raízes no processo de descolonização do sudeste asiático. Após o fim da ocupação japonesa na Segunda Guerra Mundial, o Vietnã enfrentou a tentativa da França de restabelecer seu domínio colonial. A vitória vietnamita em 1954, na Batalha de Dien Bien Phu, levou aos Acordos de Genebra, que dividiram o país em dois.
Companhia C dos Fuzileiros Navais dos EUA cruzam arrozais durante a Operação Chinook II em 20 de fevereiro de 1967, na Guerra do Vietnã. Foto: Departamento de Defesa dos EUA/ Wikimedia Commons
A disputa entre comunismo e capitalismo agravou a divisão. Os Estados Unidos passaram a apoiar o regime do Vietnã do Sul como parte da sua política de contenção ao comunismo. A intervenção direta começou nos anos 1960, escalando o conflito e provocando devastação generalizada.
Por que Che Guevara falou sobre criar Vietnãs pelo mundo?
Che Guevara, figura central da Revolução Cubana, defendia a multiplicação de focos de resistência armada ao imperialismo em diversas partes do mundo. Em um discurso histórico, ele afirmou: “Criem dois, três, muitos Vietnãs”, como forma de enfraquecer a capacidade de dominação das grandes potências, em especial dos Estados Unidos.
Che Guevara defendia a solidariedade das naçoes contra o imperialismo. Nessa foto, está ao lado dos intelectuais Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir. Sartre, francês, escreveu o prefácio do livro de Frantz Fanon: Os Condenados da Terra, uma das principais obras sobre decolonialismo. Foto: Albert Korda / Wikimedia Commons
Para Che, o Vietnã era exemplo de resistência de um povo pobre contra um exército poderoso. A frase virou lema de movimentos revolucionários que buscavam soberania, justiça social e fim do neocolonialismo. Ainda hoje, ela é lembrada como símbolo de luta coletiva e solidariedade internacional.
A foto que mudou a guerra
A imagem da menina Kim Phuc Phan Thi correndo nua e chorando após um ataque com napalm se tornou uma das fotografias mais impactantes da Guerra do Vietnã e um símbolo mundial da brutalidade dos conflitos armados.
Para saber mais sobre a Guerra do Vietnã
Filme Corações e Mentes
Corações e Mentes (Hearts and Minds) é um documentário de 1974 sobre Guerra no Vietnã, dirigido por Peter Davis. Considerado um dos mais importantes documentários políticos da história do cinema, Corações e Mentes levou o Oscar de Melhor Documentário em 1975
Disco Por Vietnam
Por Vietnam é um álbum do grupo chileno de cultura popular Quilapayún, lançado em 1968. Foi um sucesso no Chile e um das produções mais importantes da movimento da Nueva Canción Chilena, manifestação da cultura popular que misturava temáticas sociais com instrumentos indígenas.
Seminário vai lembrar os 50 anos da vitória do Vietnã sobre os Estados Unidos
Para marcar os 50 anos da reunificação do Vietnã e da consequente derrota dos Estados Unidos, a Fundação Perseu Abramo promove no próximo dia 30 de abril (4ª feira), das 14 às 17 horas, um seminário para debater e analisar os efeitos da Guerra do Vietnã no contexto do atual governo Donald Trump.
Seminário da Fundação Perseu Abramo. Imagem: divulgação
A iniciativa, com entrada franca, irá ocorrer no Auditório Antonio Cândido, que fica na sede da instituição, na zona sul da capital paulista. Quem preferir, poderá acompanhar a transmissão simultânea pelo canal do YouTube: http://www.youtube.com/@FundacaoPerseuAbramo
Para tratar do tema, haverá exposição da professora de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Natália Mello, que é editora-chefe da “Lua Nova: Revista de Cultura e Política”.
Os comentários serão do professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), José Rodrigues Mao Júnior, mais conhecido por MAO, que é doutor em História Econômica pela Universidade de São Paulo (USP) e vocalista da banda Garotos Podres. A mediação estará a cargo do diretor de Cooperação Internacional da Fundação Perseu Abramo, Valter Pomar, que é professor da Universidade Federal do ABC (UFABC)
Serviço
Seminário “1975-2025: 50 anos da derrota dos Estados Unidos e da reunificação do Vietnã”
Dia 30/4, 4ª feira, das 14 às 17 horas
Auditório Antonio Cândido da Fundação Perseu Abramo
(Rua Francisco Cruz, 234, Vila Mariana, São Paulo/SP)
Entrada gratutia
Transmissão simultânea pelo YouTube: http://www.youtube.com/@FundacaoPerseuAbramo
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