Líder indígena recebeu honraria de Lula em reconhecimento de sua luta pelos direitos indígenas e pelo meio ambiente
Nesta sexta-feira (4), o presidente Lula condecorou o cacique Raoni Metuktire com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito durante uma cerimônia no Parque Nacional do Xingu, em Mato Grosso. A honraria reconhece o trabalho de Raoni pelos direitos indígenas e pelo meio ambiente. Saiba mais em TVT News.
O cacique Raoni subiu a rampa do Palácio do Planalto durante a posse de Lula, em 2023, e agora recebe a mais alta honraria do país. “Não existe na face da terra, nenhum homem, nenhum presidente, nenhum rei mais representativo do que o nosso querido Raoni”, disse Lula durante a cerimônia.
“Raoni é uma liderança que inspira paz, sabedoria ancestral e profundo conhecimento sobre as necessidades da terra e a relação do homem com a natureza”, reconheceu Lula.
Raoni foi um dos escolhidos para representar a diversidade do Brasil na posse de Lula, em 2023. Foto: Tânia Rego
Segundo o decreto publicado no Diário Oficial, o líder está sendo honrado “em razão dos relevantes serviços prestados em defesa dos direitos dos povos indígenas, da Floresta Amazônica e do meio ambiente”. Lula destacou que “sem a proteção dos povos indígenas e o cuidado com a floresta e os rios, a crise climática traria eventos ainda mais extremos para toda a população brasileira, sem exceção.”
Durante a cerimônia, uma carta com reivindicações assinada por 48 comunidades indígenas e ribeirinhas foi entregue ao presidente. Em sua língua nativa, Cacique Raoni se manifestou contra a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas.
“Sabemos que ainda há muito a ser feito, mas nossas políticas convergem nesse sentido de assegurar integralmente todos os direitos indígenas”, disse o presidente. Lula relembrou que “em 525 anos, é a primeira vez que temos uma indígena dirigindo um ministério, um indígena dirigindo a Funai, e um indígena dirigindo a saúde do povo indígena” em referência à Sonia Guajajara, à Joenia Wapichana e a Ricardo Weibe Nascimento Costa, respectivamente.
Cacique Raoni é um embaixador dos povos originários e do meio ambiente
Pela manhã, Lula teve um encontro privado com o líder indígena para tratar de temas como segurança alimentar, mudanças climáticas e geração de renda para as comunidades locais.
Homenagem a Lula e Janja
O presidente e a primeira dama também receberam honrarias durante a cerimônia. Lula foi honrado com um colar indígena feito de conchas, que é um adereço de celebração e festividade, enquanto Janja ganhou um cesto feito de folhas de inajá, que representa o trabalho das mulheres Kayapó e o sustento da família.
Quem é o cacique Raoni Metuktire
Raoni é uma das principais vozes na defesa dos povos indígenas e do meio ambiente. O líder já foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz, em 2020, e foi reconhecido como Membro Honorário da União Internacional para a Conservação da Natureza, em 2021. A França também já concedeu a sua mais alta honraria, a Ordem Nacional da Legião de Honra, ao cacique, em 2024.
O líder do povo Kayapó nasceu por volta de 1930 – sua data de nascimento é incerta – na aldeia Mẽbêngôkre Kayapó, no Mato Grosso. A trajetória de Raoni como uma personalidade reconhecida internacionalmente pela defesa dos povos originários começou na década de 1950, após o contato com os sertanistas irmãos Villas Boas, com quem aprendeu português.
A França reconheceu Raoni como uma figura internacional pela causa indígena. Foto: Ricardo Stuckert
Raoni foi essencial para a menção aos direitos indígenas na Constituição de 1988 e para a demarcação dos territórios originários desde então.
O cacique já teve a sua história contada em no filme Raoni, que foi o primeiro longa-metragem brasileiro indicado ao Oscar de Melhor Documentário, em 1978. Na década de 1980, o encontro com o cantor Sting, ex-membro da banda The Police, também ajudou em sua projeção internacional.
Quem já recebeu a Ordem Nacional do Mérito
A honraria foi criada em 1946 por Eurico Gaspar Dutra. Desde então, personalidades brasileiras diversas foram reconhecidas pelos seus serviços prestados ao país, como Manuel Bandeira, Irmã Dulce, Pelé e Oscar Niemeyer.
