São Paulo — Um dos delegados responsáveis pela investigação sobre o ataque a tiros em um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) em Tremembé, no interior de São Paulo, afirmou que o crime não teve relação com o movimento e que a motivação teria sido um desentendimento interno. Até o final deste sábado (11/1), duas mortes haviam sido confirmadas. Seis pessoas ficaram feridas.
De acordo com o delegado Marcos Ricardo Parra, da Delegacia Seccional de Taubaté, os tiros ocorreram após um confronto motivado por um desentendimento envolvendo a negociação de um lote dentro do assentamento.
“Se desentenderam com uma questão local, nada relacionado com o movimento ou com invasão e de defesa de terra. A intenção do grupo não era tomar posse. Era uma cobrança no sentido de que [alguma] pessoa não estava aceitando a negociação. Foi uma desinteligência totalmente fora de controle por motivos internos da organização do assentamento”, afirmou o delegado em coletiva de imprensa neste sábado.
Um homem de 41 anos suspeito de ser o mentor do ataque foi preso na tarde deste sábado (11/1) pela Polícia Civil de São Paulo. Trata-se de Antonio Martins dos Santos Filho. Com apelido de “Nero do Piseiro”, ele já tinha uma condenação por porte ilegal de arma de fogo.
Ainda de acordo com o polícia, Nero confessou o crime e está colaborando com a investigação para a localização dos demais envolvidos “Ele está indicando onde podem ser encontradas as demais pessoas. Além de ter confessado, ele foi reconhecido por algumas vítimas e testemunhas”, afirmou.
A Polícia Civil já identificou pelo menos mais um participante do ataque. Outros nomes estão sendo investigados.
O que aconteceu:
Segundo o MST, homens armados teriam invadido o assentamento Olga Benário por volta das 23h dessa sexta-feira (10/1).
No momento do ataque, 10 pessoas, entre crianças e idosos, estavam no local. Duas morreram e seis ficaram feridas.
Os mortos foram identificados como Valdir do Nascimento, conhecido como “Valdirzão”, 52 anos, e Gleison Barbosa de Carvalho, 28.
Outros dois feridos foram internados em estado grave. Ministros do governo Lula (PT) lamentaram o episódio e cobraram punição aos envolvidos.
Em ligação, Lula expressou solidariedade às vítimas e prometeu uma visita à região.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) enviou um ofício à Polícia Federal (PF), neste sábado (11/1), determinando a abertura de um inquérito para apurar o ataque.
De acordo com o MJSP, uma equipe da PF, composta por agentes, perito e papiloscopista, se deslocou ao local do ataque para investigar a ação.