O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (foto), acrescentou nesta sexta-feira, 20, mais um aos vários problemas de comunicação alegados pelo governo Lula para explicar por que as coisas não vão bem — e eximir o Palácio do Planalto de culpa.
“Houve problema de comunicação no final do ano que fez com que o dólar no Brasil tivesse uma valorização mais forte do que entre os pares”, comentou o ministro durante café da manhã com jornalistas.
“Então, é preciso corrigir a comunicação,, tomar as medidas — porque não é só comunicação, também tem que tomar a medidas — e fazer com que isso traga o câmbio não para um patamar específico, mas uma situação de funcionalidade”, completou Haddad.
Que problemas?Questionado de que problemas de comunicação ele tratava, Haddad disse o seguinte:
“Acredito que, quando os vazamentos, que ocorreram na véspera do anúncio das medidas… Ele produziu um efeito deletério sobre as expectativas e isso foi ruim. Porque você começou a ter que explicar, depois do fato constatado, que houve uma má apreensão, recepção do conjunto de medidas.”
Haddad decidiu apresentar seu plano de corte de gastos junto com a promessa de isentar de cobrança de imposto de renda quem ganha até 5 mil reais, apesar de essa proposta de isenção valer apenas para 2026.
Não foi o vazamentoO problema não foi o vazamento da informação sobre a promessa, mas a promessa em si, que sinalizou o contrário do que pretendia o pacote fiscal.
Ao tentar se proteger da impopularidade de propostas como corte no BPC, o governo Lula confundiu tudo e não sinalizou responsabilidade fiscal.
Na tentativa de esconder a realidade, os governistas já apontaram o dedo para Roberto Campos Neto, que está deixando o comando do Banco Central, para o mercado financeiro e até para as fake news.
Dólar enfim em quedaHaddad disse ainda “a partir do momento que o Banco Central e o Tesouro atuam e as medidas vão ficando mais claras, eu penso que essa tensão se atenue e as coisas voltem à normalidade, normalidade que é desafiadora, porque o cenário externo continua muito desafiador”.
O dólar, que subia desde 27 de novembro, quando Haddad anunciou seu pacote, só começou a cair na quinta-feira, 19, depois de o Banco Central fazer sua maior intervenção desde 1999.
Também ajudou o fato de o futuro presidente da instituição Gabriel Galípolo ter trocado amabilidades com Campos Neto e refutar as narrativas do governo contra o mercado.