Durante sua passagem pela Europa para promover a carteira de projetos de rodovias brasileiras a investidores estrangeiros, o ministro dos Transportes, Renan Filho, concedeu uma entrevista à BBC News Brasil em Londres, na qual externou tanto as virtudes quanto os desafios da infraestrutura do Brasil.
O ministro afirmou que, embora o país não seja produtor de drogas, a proximidade com grandes produtores como Colômbia e Bolívia, somada à qualidade dos portos e aeroportos brasileiros, torna o país uma rota preferencial para o tráfico de entorpecentes destinados a outros mercados, especialmente a Europa.
“Somos um país que leva azar de estar do lado dos grandes produtores de droga do planeta. O Brasil não é produtor de drogas, não planta maconha, não planta cocaína. Mas é um grande consumidor de droga, é o segundo maior mercado de drogas do mundo, atrás dos Estados Unidos. A gente não é segundo em nada – em carro, em computador, em tablet, em iPhones, não é em nada. Mas por que em droga? Porque os produtores são vizinhos da gente”, disse Renan Filho. Segundo ele, a infraestrutura brasileira, admirada mundialmente, é usada até mesmo por traficantes devido à sua superioridade em comparação aos portos de outros países sul-americanos.
Renan Filho também mencionou o impacto desse fluxo ilegal no aumento da violência interna e no fortalecimento das facções criminosas ligadas ao tráfico internacional. Ele considera a situação um “problema para o país”, que não se origina exclusivamente de falhas internas, mas também de pressões externas e econômicas dos países vizinhos produtores de drogas.
O ministro falou ainda da importância de valorizar as qualidades brasileiras em vez de focar apenas nas dificuldades. “Nossa geração precisa defender as virtudes do Brasil, e não só apontar os defeitos”, declarou.
“E a droga inunda o Brasil por quê? Para acessar a nossa infraestrutura para ir para o mundo, porque os nossos portos e aeroportos são melhores. Eles não mandam droga pelos portos da Argentina, [lá] não tem porto. Mandam drogas pelos portos brasileiros para cá [Europa] que também são grandes consumidores”, completou Renan Filho.