Governo Lula opta por compra de helicópteros americanos em detrimento da produção nacionalO governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) optou por fechar um contrato com uma empresa americana para adquirir 12 helicópteros Black Hawk, ao custo de R$ 5,2 bilhões, em vez de apoiar a produção das aeronaves pela brasileira Helibras. Essa decisão implica na perda de um potencial investimento de R$ 300 milhões da controladora da Helibras, a Airbus Helicopters, na cidade de Itajubá (MG), onde as aeronaves poderiam ser fabricadas.
O jornal Itajubá Notícias deu destaque ao tema em sua última edição, questionando o motivo pelo qual o governo repete com a Helibras a mesma postura adotada com a Embraer, que também enfrenta dificuldades para competir com o mercado internacional. Segundo o jornal, a Embraer poderia fornecer jatos executivos para o governo federal, mas foi preterida em favor de um avião presidencial importado a preços elevados.
Desprezo pela indústria nacional
“O Governo Federal opta por desprezá-la, completamente, apesar de a Helibras haver provado ao mundo, desde sua criação em 1978, ser capaz de produzir aeronaves de asas rotativas – helicópteros, para os íntimos – de altíssima qualidade, tanto para uso civil, como militar. Qual a razão para tamanho desprezo por uma empresa nacional, afinal de contas?”, questiona o editorial do Itajubá Notícias.
A revista Sociedade Militar também se posicionou sobre o tema, argumentando que a compra dos helicópteros americanos pode ser barrada por ilegalidade, uma vez que a legislação brasileira exige transferência de tecnologia em compras de aeronaves ou produtos estrangeiros pelo governo. Além disso, o negócio pode comprometer a segurança nacional, já que cria uma dependência em relação à manutenção das aeronaves por um país estrangeiro.
Riscos à segurança nacional e violações legais
“A falta de contrapartidas tecnológicas, geralmente exigidas em compras de defesa, conforme a Lei 12.598/2012, coloca em pauta a independência nacional e a política de defesa, além das implicações estratégicas dessa aquisição”, aponta a matéria da jornalista Eliza Bassani, publicada na Sociedade Militar.
Outro ponto levantado pela imprensa foi a análise do especialista em Defesa, Roberto Caiafa, que sugeriu que o modelo mais vantajoso para o Exército Brasileiro seria o helicóptero médio biturbina H-145M, na versão de cinco pás, que poderia ser produzido sob licença pela Helibras, em Itajubá. Essa opção traria um retorno maior para a sociedade e a economia brasileira.
Alternativa com maior retorno para o Brasil
“A versatilidade desse helicóptero, mais a existência de uma sólida capacidade logística da Helibras no Brasil, incluindo a montagem e manutenção dos motores do modelo pelo Grupo Safran, representa uma possibilidade de negócio que pode ser ainda maior, já que a Aviação de Segurança Pública nos Estados da Federação, Unidades Aeromédico e SAR no país estão equipadas, majoritariamente, com antigas versões do Esquilo/Fennec monoturbina, e poderiam se reequipar com os novos H-145M fabricados em Minas Gerais”, afirmou Caiafa, destacando as vantagens de uma produção nacional.
Caiafa considera o negócio suspeito e desvantajoso, ressaltando que a fabricação local dos helicópteros traria benefícios econômicos e estratégicos ao Brasil, ao contrário do contrato firmado com a empresa americana.