O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mesmo inelegível por decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tem demonstrado otimismo em relação a uma possível candidatura à presidência da República nas eleições de 2026. Em entrevista recente à revista Veja, Bolsonaro declarou que se considera o principal nome da direita para a disputa ao Palácio do Planalto, expressando sua confiança de que ele é a melhor opção para liderar o movimento conservador nas próximas eleições. A afirmação surge apesar das restrições impostas pelo TSE, que o impediram de disputar cargos públicos temporariamente.
Bolsonaro mencionou que, embora existam outros nomes dentro do espectro político de direita, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, ele se vê como a única figura com relevância nacional. “Falam em vários nomes, Tarcísio, Caiado, Zema… O Tarcísio é um excelente gestor. Mas eu só falo depois de morto. Estou vivo. Com todo o respeito, a chance só tenho eu, o resto não tem nome nacional. O candidato sou eu”, afirmou. A declaração reforça a visão do ex-presidente de que ele ainda é a figura de maior destaque dentro do movimento conservador e que sua presença na política ainda é necessária.
O ex-presidente destacou que está avaliando alternativas para reverter a inelegibilidade que foi determinada pelo TSE após as eleições de 2022. Segundo Bolsonaro, há possibilidades que envolvem tanto o Parlamento quanto o Supremo Tribunal Federal (STF), mas ele enfatizou que espera até o último momento antes de decidir sobre um registro de candidatura. “São injustiças [as acusações], uma perseguição. O pessoal já sabe, mas preciso reforçar isso com a população. As alternativas são o Parlamento, uma ação no STF, esperar o último momento para registrar a candidatura e o TSE que decida. Não sou otimista, sou realista”, afirmou ele, em tom de queixa e confiança simultânea, reforçando que acredita em uma reversão de sua situação jurídica para viabilizar seu retorno à disputa eleitoral.
O ex-presidente também teceu críticas às decisões do ministro Alexandre de Moraes, que ele alega terem influenciado as eleições presidenciais de 2022 e as municipais de 2024. Bolsonaro afirmou que a atuação do ministro foi prejudicial ao seu desempenho eleitoral e afetou a comunicação com seus apoiadores, especialmente por conta do bloqueio temporário da rede social X, anteriormente conhecida como Twitter, no primeiro turno das eleições. Ele alega que essa medida específica teria impactado sua campanha, ao limitar seu contato com milhões de seguidores e prejudicar sua capacidade de transmitir suas mensagens.
Segundo Bolsonaro, essas interferências se somaram a um contexto desfavorável, onde ele afirma ter enfrentado não só a oposição política, mas também o que chama de “máquina estadual e municipal”. Na entrevista, o ex-presidente argumentou que a iniciativa judicial conhecida como “inquérito dos empresários golpistas” também teria intimidado apoiadores, desincentivando a participação de parte de sua base no processo eleitoral. “Nas últimas eleições, enfrentamos a máquina estadual, municipal e o Alexandre de Moraes, com suas ordens de busca e apreensão. Ele interferiu na minha eleição. Quando surgiu o inquérito dos empresários golpistas, isso inibiu muitos que estavam do meu lado. Com a queda do X, perdi contato com milhões de pessoas”, concluiu.
Essa declaração de Bolsonaro reflete um momento de alta tensão na política brasileira, onde o papel das instituições judiciais e as decisões do TSE têm sido amplamente debatidas. A inelegibilidade do ex-presidente ocorreu devido a acusações de abuso de poder e ataques sem provas ao sistema eleitoral, especialmente envolvendo alegações infundadas de fraudes no processo eletrônico de votação. No entanto, Bolsonaro defende que todas as acusações que lhe foram imputadas não passam de perseguição política e tentativas de marginalizar sua atuação no cenário político nacional.
Com um discurso que tenta solidificar o apoio de sua base, Bolsonaro parece apostar na continuidade de sua influência política, mesmo diante dos obstáculos judiciais que enfrenta. Ao mesmo tempo, o ex-presidente busca estabelecer sua posição como um nome de força para as próximas eleições, o que sugere um novo capítulo de intensas disputas judiciais e políticas caso ele realmente tente concorrer em 2026. Muitos analistas avaliam que o cenário para uma eventual candidatura depende de diversos fatores, incluindo decisões futuras do STF e possíveis mudanças legislativas que poderiam vir a beneficiar o ex-presidente e outros políticos em situação semelhante.
Com a proximidade das próximas eleições gerais, as discussões sobre a inelegibilidade de Bolsonaro tendem a aumentar, especialmente em relação ao papel do TSE e à influência das redes sociais na comunicação política. O ex-presidente tem reiterado que acredita na possibilidade de voltar à disputa, caso consiga reverter sua situação jurídica, e que se considera o líder mais bem posicionado da direita brasileira para um retorno ao Palácio do Planalto. Em um cenário de polarização política, a permanência de Bolsonaro no debate público reforça a continuidade de uma disputa ideológica intensa, que promete influenciar o rumo da política brasileira nos próximos anos.