Lula convoca reunião com ministro das Relações Institucionais e presidente do PTNo rescaldo das eleições municipais de 2024, as principais figuras do Partido dos Trabalhadores (PT) se esforçaram para mostrar o desempenho do partido de maneira positiva, apesar das avaliações apontarem para o pior resultado da sigla em eleições locais. Em um encontro realizado no dia após a votação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, juntamente com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, discutiu os resultados das eleições, enfatizando o “bom momento econômico” e a atuação do governo federal como elementos que, de acordo com eles, auxiliaram na reeleição de aliados.
Padilha acredita que um “tsunami da reeleição” beneficiou os prefeitos atuais, incluindo Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo, e manteve o controle de algumas prefeituras nas mãos de aliados. Ele também comemorou o retorno do PT à liderança de Fortaleza com a vitória de Evandro Leitão, apoiado pelo Ministro da Educação, Camilo Santana. O Ministro também destacou o “momento econômico favorável” e os “pagamentos recordes de emendas” como fatores que beneficiaram as candidaturas alinhadas ao governo. No entanto, alguns especialistas apontam que a narrativa do PT está em desacordo com os fatos, uma vez que o partido perdeu terreno e sofreu derrotas significativas em várias cidades-chave.
O Partido dos Trabalhadores (PT) sofreu derrotas significativas, apesar dos esforços para destacar sucessos isolados. Em Olinda (PE), a candidata Mirella Almeida (PSD) superou o vereador Vinícius Castello (PT), desfazendo uma liderança que o partido acreditava estar firmada. O ex-prefeito de Anápolis (GO), Antônio Gomide (PT), que estava à frente nas pesquisas, também foi derrotado por Márcio Corrêa (PL), um candidato apoiado pelos bolsonaristas. Além disso, em Caucaia (CE), uma cidade na região metropolitana de Fortaleza, o candidato do PT perdeu para um oponente do PSD.
As perdas demonstram uma vulnerabilidade do partido em ganhar apoio em cidades de médio porte e em áreas onde era esperado um desempenho melhor. No estado do Rio Grande do Sul, o deputado Valdeci Oliveira (PT) foi vencido pelo vice-prefeito Rodrigo Decimo (PSDB) em Santa Maria, apesar de ter liderado grande parte da campanha. Em Sumaré (SP), o candidato do PT, Willian Souza, foi derrotado por um rival dos Republicanos, mostrando o desafio do partido em expandir sua base além das grandes cidades.
Em face deste panorama, o Ministro Padilha declarou que o partido realizará uma “avaliação profunda” dos resultados. No entanto, ele minimizou a relevância das eleições municipais no planejamento para a corrida presidencial de 2026. A tática parece ser manter a imagem de robustez do PT perante a sua base, impedindo que o resultado deste ano diminua a fé em um desempenho mais firme nas próximas eleições gerais. Padilha ainda negou que o recente acidente doméstico de Lula tenha interferido na campanha, enfatizando que o presidente esteve presente na fase final de apoio aos candidatos.
O PT tentou comemorar vitórias pontuais em cidades como Fortaleza, mas isso parece insuficiente para mascarar a diminuição do desempenho em escala nacional. Especialistas sugerem que a perda de prefeituras e o desafio de ganhar novas bases podem ser sinais de um enfraquecimento estrutural do partido, representando um obstáculo para seus planos para as eleições de 2026. A incapacidade de expandir-se em nível municipal, que é essencial para a construção de redes de suporte e articulação política, mostra que o PT terminou essas eleições enfraquecido e com um longo trajeto a percorrer para recuperar o terreno perdido.
A narrativa de triunfo, por conseguinte, aparenta ser mais um esforço para prevenir um desgaste interno do que um retrato autêntico dos resultados.