São Paulo – A deputada federal Luiza Erundina (Psol-SP) deve deixar a UTI nesta sexta-feira (7) e seguir para o quarto. A parlamentar foi internada no Sírio Libanês, em Brasília, após passar mal ontem durante sessão da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Enquanto tentava ler seu parecer contra a retirada de pauta do Projeto de Lei (PL) 1156/2021, que obriga o Estado brasileiro a identificar publicamente os lugares onde ocorriam a repressão política durante a ditadura, a deputada foi alvo de piadas e interrupções de deputados bolsonaristas.
Os ataques contra deputada, decana da Câmara, desencadearam uma onda de solidariedade. Ao mesmo tempo, políticos e personalidades também se manifestaram em repúdio às práticas bolsonaristas. Utilizam-se do ódio político e xingamentos a opositores, com o único objetivo angariar segundos de audiência nas redes sociais.
Nesse sentido, ainda ontem, a vice-líder do governo na Câmara, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), reagiu à violência política da extrema-direita. “Não é mais possível que este clima explosivo seja tolerado no parlamento brasileiro. Este comportamento é um ataque frontal à divergência de ideias e à própria democracia. Em nome da civilidade e em solidariedade à nossa querida Erundina, conseguimos pressionar e suspender a sessão no plenário. Basta de truculência e barbárie no Congresso!”, apelou.
Do mesmo modo, pelas redes sociais, o deputado Guilherme Boulos (Psol-SP) também prestou solidariedade à sua colega de partido, após ser desrespeitada por bolsonaristas.
Toda solidariedade à @luizaerundina, que saiu da sessão da Comissão de Direitos Humanos direto para o hospital, onde está internada, após ser desrespeitada por parlamentares bolsonaristas.
Tenho certeza de que, muito em breve, nossa querida Erundina estará de volta. Mas…
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) June 6, 2024
A primeira-dama, Janja Lula da Silva, também denunciou o ódio e a violência da oposição.
Minha solidariedade a Deputada Luiza Erundina que precisou ser internada após passar por constante ataque de deputados da extrema direita na Câmara Federal. O espaço do diálogo e da democracia foi dominado pelo ódio e violência. Precisamos,urgentemente, recuperar a nossa…
— Janja Lula Silva (@JanjaLula) June 6, 2024
Líder do Governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) foi outro que manifestou, citando Erundina como uma inspiração.
Desejo uma pronta recuperação à deputada federal @luizaerundina, que se encontra hospitalizada. Aos 89 anos, Erundina continua a nos inspirar com sua força e dedicação ao serviço público. Que sua saúde se restabeleça rapidamente para continuar a trajetória de luta e compromisso… pic.twitter.com/6PF4AdvETK
— Randolfe Rodrigues (@randolfeap) June 6, 2024
Investigação
Já o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) também clamou pelo fim da violência política e disse que vai pedir punição as parlamentares que ridicularizaram Erundina. Além disso, ele ressaltou que o preconceito contra pessoa idosa – etarismo – é um crime tipificado pelo Estatuto do Idoso.
No artigo 96 do Estatuto, é descrito como delito, discriminar a pessoa idosa, ou seja, o preconceito relacionado à idade é considerado crime. A pena prevista é de 6 meses a 1 ano de reclusão e multa.
O etarismo, também conhecido como ageísmo ou idadismo, envolve estereótipos e…
— Zeca Dirceu (@zeca_dirceu) June 6, 2024
Com efeito, a deputada Erika Hilton (Psol-SP) disse que Erundina passou mal “pela consequência de horas de violência, xingamentos, empurra empurra, desrespeito” que os bolsonaristas causaram durante a sessão da comissão, tendo como alvo diversos parlamentares de esquerda. “Erundina é uma fortaleza e uma inspiração. Torço e mando energias para que se recupere prontamente e volte para seguir nos ensinando, guiando e iluminando em meio às trevas que tomam a Câmara dos Deputados”, escreveu a deputada.
Recebi com alívio a notícia vinda da assessoria da nossa querida amiga e Deputada @LuizaErundina de que ela se encontra estável, em observação e acompanhada por sua equipe médica de confiança.
Estive ao lado de Luiza, hoje, durante a Comissão de Direitos Humanos e vi a força… pic.twitter.com/lXnmfCT1pk
— ERIKA HILTON (@ErikakHilton) June 6, 2024
Machismo e transfobia
Também ontem, durante audiência com a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, Nikolas Ferreira (PL-MG) protagonizou mais um caso de transfobia. Ele insistiu para que a ministra definisse “o que é ser mulher”. Ainda mais, indagou “se mulher trans menstrua ou se mulher trans pode engravidar”.
A deputada Camila Jara (PT-MS) reagiu à provocação, oferecendo ao deputado bolsonarista um exemplar do livro E eu não sou uma mulher?: Mulheres negras e feminismo (Ed. Rosa dos Tempos), um clássico da da escritora negra e ativista Bell Hooks. “Ele nem quis pegar. Só queria lacrar mesmo”.
Em setembro do ano passado, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) aceitou a denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e tornou Nikolas réu em caso envolvendo a publicação de um vídeo de uma adolescente trans. No caso, ela utilizava o banheiro feminino de uma escola particular de Belo Horizonte.
Não quer aprender, mas quer lacrar!
O deputado Nikolas Ferreira participou da sessão da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher hoje para única e exclusivamente pedir para a ministra @cidagmulheres definir o que é ser mulher.
A ministra fazendo uma apresentação sobre o… pic.twitter.com/hz7h1zbuiJ
— PT na Câmara (@PTnaCamara) June 6, 2024